Translate

sábado, 17 de dezembro de 2011

Porque a aterosclerose é mais suave ou não-existente em indivíduos com síndrome de Down?

Diferentes estudos de necropsia mostraram que a ocorrência da aterosclerose é mais suave ou não-existente em pessoas com síndrome de Down (1, 2, 3, 4). De fato, um estudo sugeriu que em mulheres com síndrome de Down (SD) pode ser menos provável a manifestação de síndrome de resistência à insulina*, e homens e mulheres com SD podem possuir menos fatores de risco para a aterosclerose do que os grupos de comparação (5).
Confirmando os resultados de que indivíduos com SD possuem menores níveis de aterosclerose um recente estudo examinou a relação entre fatores de risco cardiovascular e espessura da íntima-medial da carótida (IMT), uma medida para a aterosclerose, em 52 adultos com SD. Os adultos com SD possuíam menor IMT, pressão sangüínea sistólica e pressão sangüínea diastólica, do que no grupo de controle. A conclusão do estudo foi de que os adultos com SD podem estar protegidos contra a aterosclerose apesar da elevada gordura corporal e de elevados fatores de risco cardiovasculares (6).
É interessante notar sobre os resultados de alguns estudos demonstrando que em menores graus de IMT, o espessamento parece refletir um estado de equilíbrio no qual os efeitos da pressão e fluxo nas artérias estão em balanço, dando uma relação característica entre a tensão tangencial hemodinâmica (shear stress) e a pressão transmural local (7, 8).
Uma explicação razoável para a reduzida incidência da aterosclerose é a regulação autônoma alterada nos indivíduos com SD, com efeitos de pequenas mudanças na sensibilidade baroreflexa e na resposta de excitação simpática (9, 10, 11). A reduzida resposta do simpático ao estresse é suportada pelos baixos níveis circulantes de catecolaminas em resposta ao exercício incrementado na bicicleta ergométrica em indivíduos com SD (12).
Na teoria da acidez na aterosclerose a predominância do simpático é o primeiro passo e a tensão tangencial hemodinâmica o último passo na cascata de eventos levando ao processo aterogênico (13, 14)
*Nota:
A resistência à insulina pode contribuir para uma aumentada atividade do sistema nervoso simpático (15) e a atividade do SNS pode similarmente aumentar a resistência à insulina (16)
1.Ylä-Herttuala S, Luoma J, Nikkari T, Kivimäki T. Down's syndrome and atherosclerosis. Atherosclerosis. 1989 Apr;76(2-3):269-72.
2.Murdoch JC, Rodger JC, Rao SS, Fletcher CD, Dunnigan MG. Down's syndrome: an atheroma-free model? Br Med J. 1977 Jul 23;2(6081):226-8.
3.Moss TJ, Austin GE. Pre-atherosclerotic lesions in Down syndrome. J Ment Defic Res. 1980 Jun;24(2):137-41.
4.Chaney RH. Neurogenic atherosclerosis in mentally retarded persons. J Ment Defic Res. 1987 Sep;31 ( Pt 3):235-40
5.Draheim CC, McCubbin JA, Williams DP. Differences in cardiovascular disease risk between nondiabetic adults with mental retardation with and without Down syndrome. Am J Ment Retard. 2002 May;107(3):201-11
6.Draheim CC, Geijer JR, Dengel DR. Comparison of intima-media thickness of the carotid artery and cardiovascular disease risk factors in adults with versus without the Down syndrome. Am J Cardiol. 2010 Nov 15;106(10):1512-6
7.Gnasso A, et al. Association Between Intima-Media Thickness and Wall Shear Stress in Common Carotid Arteries in Healthy Male Subjects. Circulation. 1996;94:3257-3262
8.Bots M. L, et al. Increased Common Carotid Intima-Media Thickness. Adaptive Response or a Reflection of Atherosclerosis? Findings From the Rotterdam Study. Stroke. 1997;282442 .
9.Agiovlasitis S, Collier SR, et al. Autonomic response to upright tilt in people with and without Down syndrome. Res Dev Disabil. 2010 May-Jun;31(3):857-63.
10.Iellamo F, Galante A, et al. Altered autonomic cardiac regulation in individuals with Down syndrome. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 2005 Dec;289(6):H2387-91.
11.Bo Fernhall and Mari Otterstetter. Attenuated responses to sympathoexcitation in individuals with Down syndrome. J Appl Physiol 94: 2158–2165, 2003.
12.Eberhard Y, Etarradossi J and Terminarias A. Biochemical changes and catecholamine response in Down’s syndrome adolescents in relation to incremental maximal exercise. J Ment Defic Res 35: 140-146, 1991
13. Predominância do sistema nervoso simpático: o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica. , Carlos Monteiro, 22 de Fevereiro de 2010 em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2010/02/predominancia-do-sistema-nervoso.html
14.Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
15.Pikkujamsa SM, Huikuri HV, Airaksinen KE, Rantala AO, Kauma H, Lilja M, Savolainen MJ, Kesaniemi YA. Heart rate variability and baroreflex sensitivity in hypertensive subjects with and without metabolic features of insulin resistance syndrome. Am J Hypertens 1998;11:523–31
16.Moan A, Nordby G, Rostrup M, Eide I, Kjeldsen SE. Insulin sensitivity, sympathetic activity, and cardiovascular reactivity in young men. Am J Hypertens 1995;8:268–75