Translate

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Acidez: O vínculo entre a aterosclerose e a osteoporose.

Embora a prevalência de que tanto a aterosclerose quanto a osteoporose aumentem com a idade, várias e cumulativas evidências indicam, desde as pesquisas iniciais (1, 2), uma mais direta relação entre essas duas condições. Confirmando esta associação, muitos estudos recentes têm mostrado um aumento na espessura da intima-media da carótida, um marcador para a aterosclerose, entre mulheres quando desenvolvem osteoporose (3, 4).
Um estudo bastante recente relatou que a fratura da bacia é entre duas e cinco vezes mais comum em pessoas com doença cardiovascular do que aquelas sem história da doença. Os pesquisadores deste estudo também acharam que os bisfosfonatos não somente diminuem a progressão da osteoporose, mas também previnem o desenvolvimento da aterosclerose e reduzem a taxa total de mortalidade (5). A respeito desse ponto, é interessante notar que os bisfosfonatos podem reduzir uma elevada produção de ácido láctico no organismo (6) o que permite ao conceito da teoria da acidez (7) tornar-se uma forte explicação para o vínculo entre a aterosclerose e a osteoporose, tendo em vista a proposição de A. Wachman e D.S. Bernstein feita em 1968 (8), e endossada por outros (9), de que o corpo extrai mineral dos ossos para neutralizar desafios ácidos ou alcalinos.
A propósito, um editorial publicado no New England Journal of Medicine (Bone, Acid, and Osteoporosis, New England Journal of Medicine, V 330:1821-1822 , June 23, 1994) traz a seguinte citação e comentários:
"A vida é uma luta, não contra o pecado, não contra a força do dinheiro, não contra o malicioso magnetismo animal, mas contra os íons de hidrogênio" (Mencken H L. Exeunt omnes. Smart Set. 1919; 60: 138–145). Essas palavras escritas por H.L. Mencken sobre o significado da vida e da morte, também podem ser aplicados a luta do esqueleto saudável contra os efeitos deletérios do ácido retido.
Carlos Monteiro
1) Dent CE, Engelbrecht HE, Godfrey RC. Osteoporosis of lumbar vertebrae and calcification of abdominal aorta in women living in Durban. Br Med J. 1968;4:76-79.
2. Fujita T, Okamoto Y, Sakagami Y, Ota K, Ohata M. Bone changes and aortic calcification in aging inhabitants of mountain versus seacoast communities in the Kii Peninsula. J Am Geriatr Soc. 1984;32:124-128
3) J. Tamaki , M. Iki, Y. Hirano, Y. Sato, E. Kajita, S. Kagamimori, Y. Kagawa and H. Yoneshima. Low bone mass is associated with carotid atherosclerosis in postmenopausal women: The Japanese Population-based Osteoporosis (JPOS) Cohort Study , Osteoporosis International, V 20, N 1 / January, 2009
4) Hiroyuki Sumino, Shuichi Ichikawa, Shu Kasama, Takashi Takahashi, Hironosuke Sakamoto, Hisao Kumakura, Yoshiaki Takayama, Tsugiyasu Kanda, Masami Murakami and Masahiko Kurabayashi, Relationship between Carotid Atherosclerosis and Lumbar Spine Bone Mineral Density in Postmenopausal Women, Hypertension Research (2008) 31, 1191–1197;
5) Ulf Sennerby, Håkan Melhus, Rolf Gedeborg, Liisa Byberg, Hans Garmo, Anders Ahlbom, Nancy L. Pedersen, Karl Michaëlsson. Cardiovascular Diseases and Risk of Hip Fracture, JAMA. 2009;302(15):1666-1673.
6) Norman H. Bell and Ralph H. Johnson. Bisphosphonates in the treatment of osteoporosis, Endocrine, Volume 6, Number 2 / April, 1997.
7) Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
8) Wachman A, Bernstein DS. Diet and osteoporosis. Lancet. 1968;1:958–9.
9) Frances A. Tylavsky, Lisa A. Spence Laura Harkness. The Importance of Calcium, Potassium, and Acid-Base Homeostasis in Bone Health and Osteoporosis Prevention. J. Nutr. 138: 164S–165S, 2008 full free paper at http://jn.nutrition.org/cgi/reprint/138/1/164S

Nenhum comentário:

Postar um comentário