A hipertensão é considerada como um importante fator de risco para o desenvolvimento da aterosclerose, com os dois processos apresentando alguns mecanismos em comum, sendo o endotélio colocado geralmente como o provável foco central para o efeito de ambas as doenças, com evidências que levam a postulação de que a hipertensão predispõe e acelera a aterosclerose, sendo a doença coronário-miocárdica a principal causa de óbito em pacientes hipertensivos.
De outro lado o stress é um dos fatores sugeridos como causa da hipertensão e sua redução pode ajudar a reduzir uma elevada pressão sanguinea. Coincidentemente o stress pode também contribuir para o desenvolvimento e subseqüentes complicações da aterosclerose, o que é evidenciado em diversos estudos (1).
O mecanismo apontado na teoria da acidez na aterosclerose (1), como fator desencadeante, em ambos os processos, se refere a elevação no ácido láctico. É interessante notar que o ácido láctico no plasma sangüíneo pode ter uma elevação significativa durante situações de estresse, e até servindo como indicador de níveis de estresse (2, 3). Também, dietas com alto teor de carboidratos podem aumentar significativamente a atividade de desidrogenase láctica no soro sangüíneo (4,5). De outro lado, na hipertensão, a concentração de ácido láctico no sangue venoso e no arterial pode ser significativamente elevada, como demonstrou estudo realizado há quase 45 anos atrás (6), cujos resultados foram confirmados recentemente através de estudo envolvendo 2066 adultos idosos que participaram do Atherosclerosis Risk in Communities (ARIC) Carotid MRI Study, onde foi acessada a associação de lactatos com a prevalência de hipertensão, tendo sido observada uma gradual associação dos lactatos no plasma e hipertensão. A conclusão principal dos autores foi de que a alta concentração de lactatos no plasma foi independentemente associada com a probabilidade de hipertensão (7).
O aumento no consumo de bebidas adocicadas com açúcar tem sido associado com um elevado risco de obesidade, síndrome metabólica e diabetes tipo 2, de acordo com estudos anteriores. No entanto, o efeito de bebidas adocicadas com açúcar quanto à pressão sangüínea continua incerto.
Uma pesquisa recente (8) encontrou que reduzindo bebidas adocicadas com açúcar e o consumo de açúcar pode ser uma importante estratégia dietética para reduzir a pressão sangüínea e promover uma redução de outras doenças relacionadas à pressão sangüínea. Os pesquisadores usaram dados de 810 adultos, entre 25 à 79 anos, com pré-hipertensão (entre 120/80 e 139/89 mm Hg) e I estágio de hipertensão (entre 140/90 e 159/99 mm Hg ) que participaram no estudo PREMIER, um estudo de intervenção comportamental de 18 meses com o foco em perda de peso, exercício, e uma dieta saudável como um meio de prevenir e controlar alta pressão no sangue.
Carlos Monteiro
1) Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
2) Sharda S, Gupta SN and Khuteta KP. 1975. Effect on mental stress on intermediate carbohydrate-and lipid-metabolism. Indian J Physiol Pharmacol. Apr-Jun;19(2):86-9.
3) Hall JB, Brown DA. 1979. Plasma glucose and lactic acid alterations in response to a stressful exam. Biol Psychol. May;8(3):179-88.
4) Marshall MW and Iacono JM (1976). Changes in lactate dehydrogenase, LDH isoenzymes, lactate, and pyruvate as a result of feeding low fat diets to healthy men and women. Metabolism. 1976 Feb;25(2):169-78.
5) Yoshimura T, Miyoshi T, et al. (1986). Effect of high carbohydrate diet on serum lactate dehydrogenase isozyme pattern in Japanese young men. Acta Biol Hung. 1986;37(3-4):243-8.
6) F. E. Demartini, P. J. Cannon, W. B. Stason, and J. H. Laragh. 1965. Lactic Acid Metabolism in Hypertensive Patients. Science 11 June, Vol. 148. no. 3676, pp. 1482 – 1484 em http://www.sciencemag.org/cgi/content/abstract/148/3676/1482
7) Abstract 5003: Association of Blood Lactate with Hypertension: The Atherosclerosis Risk in Communities Carotid MRI Study. J Hunter Young; Stephen O Crawford; Frederick L Brancati; Ron C Hoogeveen; Muhammad Amer; Christie M Ballantyne; Maria I Schmidt; Brad C Astor; Josef Coresh, Circulation. 2008;118:S_1129.), http://circ.ahajournals.org/cgi/content/meeting_abstract/118/18_MeetingAbstracts/S_1129-a
O aumento no consumo de bebidas adocicadas com açúcar tem sido associada com um elevado risco de obesidade, síndrome metabólica e diabetes tipo 2, de acordo com estudos anteriores. No entanto, o efeito de bebidas adocicadas com açúcar quanto a pressão sangüínea continua incerto.
ResponderExcluirUma pesquisa recente (1) encontrou que reduzindo bebidas adocicadas com açúcar e o consumo de açúcar pode ser uma importante estratégia dietética para reduzir a pressão sangüínea e promover uma redução de outras doenças relacionadas a pressão sangüínea. Os pesquisadores usaram dados de 810 adultos, entre 25 à 79 anos, com pré-hipertensão (entre 120/80 e 139/89 mm Hg) e I estágio de hipertensão (entre 140/90 e 159/99 mm Hg ) que participaram no estudo PREMIER, um estudo de intervenção comportamental de 18 meses com o foco em perda de peso, exercício, e uma dieta saudável como um meio de prevenir e controlar alta pressão no sangue.
Carlos Monteiro
1. Reducing Consumption of Sugar-Sweetened Beverages Is Associated With Reduced Blood Pressure. A Prospective Study Among United States Adults, Liwei Chen, Benjamin Caballero, Diane C. Mitchell, Catherine Loria, et al. Circulation. Published online before print May 24, 2010, doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.109.911164 at http://circ.ahajournals.org/cgi/content/abstract/CIRCULATIONAHA.109.911164v1