A artrite reumatóide (AR) é considerada uma doença sistêmica inflamatória auto-imune. No entanto, o que desencadeia o início da AR continua desconhecido.
Pacientes com AR têm uma alta prevalência aterosclerótica pré-clínica, independentemente dos fatores de risco tradicionais, sugerindo que a inflamação crônica e, possivelmente, a severidade da doença são aterogênicas nessa população (1).
A respeito desse assunto um editorial publicado no Jornal Circulation em 1999 discutiu sobre as muitas similaridades partilhadas pela AR e aterosclerose (2).
Investigações recentes acharam que o processo aterosclerótico começa bastante cedo no curso da AR, com o estudo revelando um significativo aumento na espessura da intima-média, um indicador de aterosclerose, em apenas 18 meses (3).
Outro recente estudo achou um rápido aumento no risco do infarto do miocárdio na sequência do diagnóstico de AR nos pacientes diagnosticados com a doença entre 1995 a 2006 (4).
Estudando sobre a matéria nós procuramos por estudos que investigaram disfunção autônoma cardiovascular em doenças reumáticas. Embora existam poucos estudos realizados nessa direção, nós pudemos verificar que a atividade do sistema nervoso simpático pode estar elevado na AR, comparativamente com pacientes saudáveis (5, 6). De acordo com nosso ponto de vista a predominância do simpático é o fator primário na cascata de eventos que induz a elevação no ácido láctico e ambiente ácido gerando a aterogênese (7, 8).
Também descobrimos um estudo dos anos 80 mostrando altos valores de lactato em soropositivos AR e também na artrite induzida por cristais, com o autor sugerindo que a medida do lactato sinovial poderia ser um confiável indicador para diferenciação das artrites inflamatórias (9). Em paralelo, o montante de lactato liberado pelo miocárdio foi mostrado estar relacionado com a severidade da doença da artéria coronária (10, 11).
Indo mais fundo em nossa pesquisa ficamos bastante surpreso com a seguinte informação contida em um trabalho publicado em 1924 (12), intitulado “The alleged role of lactic acid in arthritis and rheumatoid conditions”, que diz:
“Richardson, em 1858, publicou os resultados de extensos experimentos em cães nos quais a injeção de largas quantidades de ácido láctico, intraperitoneal, foi seguida por um severo envolvimento das articulações. A condição das articulações foi similar aquela vista na artrite aguda, com Richardson sugerindo que a síndrome artrítica era devida a uma acumulação do ácido no organismo. Essa teoria encontrou suporte adicional em 1877, quando Foster relatou que a administração de ácido láctico pela boca em dois pacientes diabéticos resultou em articulações dolorosas e inchadas. As dores e inchaços persistiram enquanto a administração de ácido láctico foi continuada e desapareceu prontamente após o ácido ser descontinuado. Esses experimentos iniciais aparentemente nunca foram repetidos ou estendidos, mas exerceram alguma influência na formação de hipóteses quanto a esta doença”.
Este trabalho de 1924 fortalece nossos pensamentos colocados no artigo “Antigos experimentos com coelhos e cães providenciam poderosa evidência para a Teoria da Acidez na Aterosclerose ” onde foi mostrado que cães e coelhos alimentados com ácidos podem desenvolver lesões ateroscleróticas (13).
Carlos Monteiro
1. Roman M. J, et al. Preclinical carotid atherosclerosis in patients with rheumatoid arthritis. Ann Intern Med. 2006; 144: 249-256. Full free text at http://www.annals.org/content/144/4/249.full.pdf+html
2. Vincenzo Pasceri and Edward Yeh. Editorial, “A tale of two diseases - Atherosclerosis and Rheumatoid Arthritis“, Circulation, 1999; 100:2124-2126. Texto gratuito em http://circ.ahajournals.org/cgi/content/full/circulationaha;100/21/2124
3. Sodergren et al. Atherosclerosis in early rheumatoid arthritis: very early endothelial activation and rapid progression of intima media thickness. Arthritis Research & Therapy 2010, 12:R158. Full free text at http://arthritis-research.com/content/12/4/R158
4. Holmqvist M. E. et al. Rapid increase in myocardial infarction risk following diagnosis of rheumatoid arthritis amongst patients diagnosed between 1995 and 2006”, J Intern Med 2010; 268:578-585.
5. Aydemir , V. Yazisiz et al. Cardiac autonomic profile in rheumatoid arthritis and systemic lupus erythematosus. Lupus (2010) 19, 255—261.
6. Dekkers JC et al. Elevated sympathetic nervous system activity in patients with recently diagnosed rheumatoid arthritis with active disease. Clin Exp Rheumatol. 2004 Jan-Feb;22(1):63-70.
7. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
8. Predominância do sistema nervoso simpático: o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica. , Carlos Monteiro, 22 de Fevereiro de 2010 em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2010/02/predominancia-do-sistema-nervoso.html
9. Gobelet C and Gerster J. C. Synovial fluid lactate levels in septic and non-septic arthritides. Annals of the Rheumatic diseases, 1984, 43, 742-745.
10. G. Jackson, Lynne Atkinson, M. Clark, B. Crook, P. Armstrong, and S. Oram, Diagnosis of coronary artery disease by estimation of coronary sinus lactate. British Heart Journal, 1978, 40, 979-983 Full free text at http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC483520/
11 Gertz EW, Wisneski JA, Neese R, Bristow JD, Searle GL, Hanlon JT: Myocardial lactate metabolism: evidence of lactate release during net chemical extraction in man. Circulation 1981, 63: 1273-1279. Full free text at http://circ.ahajournals.org/cgi/reprint/63/6/1273
12. F . A Cajori et al. The alleged role of lactic acid in arthritis and rheumatoid conditions. Arch Intern Med. 1924;34(4):566-572.
13. Antigos experimentos com coelhos e cães providenciam poderosa evidência para a Teoria da Acidez na Aterosclerose , Carlos Monteiro, Julio 13, 2010 em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2010/07/antigos-experimentos-com-coelhos-e-caes.html
“Carlos, sua tese sobre estresse, ambiente ácido e doença arterial coronária é brilhante. Particularmente impressionante é como você relaciona o pH com uma oxidação aumentada no LDL, a qual aumenta o processo da aterogênese”. (declaração realizada no fórum do THINCS em 22 de Junho de 2011 por David Diamond, Ph.D, professor dos Depts de Psicologia, Farmacologia Molecular e Fisiologia, University of South Florida)
Translate
quarta-feira, 4 de maio de 2011
quarta-feira, 9 de março de 2011
O potencial efeito positivo da melhoria na atividade barorreflexa na prevenção e tratamento da aterosclerose
A função barorreflexa ou reflexo barorreceptor é um dos mecanismos homeostáticos do organismo para regular a pressão sangüínea através do controle da frequência cardíaca, força das contrações do coração e diâmetro dos vasos sanguíneos. Os mais importantes barorreceptores arteriais estão localizados no seio da carótida e no arco aórtico. Esses barorreceptores respondem ao estiramento da parede arterial de forma que se a pressão arterial subitamente aumentar, as paredes desses vasos expandem passivamente, estimulando a ativação desses receptores. No caso da pressão sanguinea arterial cair subitamente, o estiramento diminuído das paredes arteriais leva a uma redução na ativação do receptor. A perda da influência estabilizadora do controle vagal aumenta a susceptibilidade de influências simpáticas. De outro lado o resultado da melhoria barorreflexa é a inibição do sistema nervoso simpático e ativação do sistema nervoso parassimpático.
É interessante notar o dano ou redução da sensitividade barorreflexa em frente de alguns fatores chave para a aterosclerose, doença cardiovascular e acidente vascular cerebral, como por exemplo, o envelhecimento, a ingestão de açucares, em especial nas dietas com alto conteúdo de frutose, e o fumo.
Relacionados à aterosclerose existem alguns estudos mostrando que na ateromatose bilateral da carótida (1) e em uma maior espessura da intima-media da carótida (2), a sensitividade barorreflexa é reduzida ou danificada.
Nessa direção um estudo publicado em 2005 indicou que a disfunção barorreflexa arterial promove o desenvolvimento da aterosclerose em ratos, e que a inflamação pode estar envolvida no processo (3). Os mesmos autores demonstraram em uma mais recente publicação de que baixas doses de ketanserina, um anti-hipertensivo, preveniu o desenvolvimento da aterosclerose em ratos e coelhos espontaneamente hipertensivos, pelo menos em parte, através da intensificação da sensitividade barorreflexa arterial (4). Outras drogas anti-hipertensivas como betabloqueadores podem intensificar a sensitividade barorreflexa (5) com efeitos positivos na aterosclerose (6). Os glicosídeos cardíacos, que representam outra classe de remédios, também aumentam o controle barorreflexo cardiopulmonar da atividade simpática (7), o qual é provavelmente responsável pelos potenciais efeitos da digital na aterosclerose (6,8,9).
Ao lado das drogas mencionadas acima existem alguns estudos recentes sugerindo que ácidos graxos poliinsaturados - ômega-3 (19), cacau (10), vitaminas como, por exemplo, vitamina C (11,12), vitamina E (13) e ácido fólico (14,15), a parte de exercícios aeróbicos (16,17) e da respiração lenta (18), melhoram a sensibilidade barorreflexa com possíveis efeitos positivos no tratamento e prevenção da aterosclerose, de acordo com o ponto de vista da teoria da acidez (6), onde a predominância simpática é o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica.
Carlos Monteiro
1. Nasr N et al. Baroreflex sensitivity is impaired in bilateral carotid atherosclerosis. Stroke, 2005;36:1891-1895
2. Gianoros PJ et al. Greater intima-media thickness in the carotid bulb is associated with reduced baroreflex sensitivity. Am J Hypertens. 2002; 15(6): 486-491
3. Cai GJ et al. Arterial baroreflex dysfunction promotes atherosclerosis in rats. Atherosclerosis, 2005 Nov; 183(1):41-7
4. Yu YS et al. Effects of low-dose ketanserin on atherosclerosis in rats and rabbits. Can J Pysiol Pharmacol 2010 Nov;88(11):1054-60
5. Truijen J et al. Baroreflex sensitivity is higher during acute psychological stress in healthy subjects under B-adrenergic blockade. Clin Sci (Lond), Feb 2011; 120(4):161-167
6. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
7. Schobel HP et al. 1991.Contrasting effects of digitalis and dobutamine on baroreflex sympathetic control in normal humans, Circulation V84, 1118-1129. Texto gratuito em http://circ.ahajournals.org/cgi/reprint/84/3/1118
8. Jagielska J. et al. Digitoxin elicits anti-inflammatory and vasoprotective properties in endothelial cells: Therapeutic implications for the treatment of atherosclerosis?, doi:10.1016/j.atherosclerosis.2009.03.019
9. Kolkhof P et al. Cardiac glycosides potently inhibit C-reactive protein synthesis in human hepatocytes. Biochem Biophys Res Commun. 2010 Mar 26;394(1):233-9. Epub 2010 Mar 3.
10. Akita M et al., Effects of cacao liquor polyphenols on cardiovascular and autonomic nervous functions in hypercholesterolaemic rabbits. Basic Clin Pharmacol Toxicol. 2008 Dec;103(6):581-7.
11. Kevin D. Monahan et al, Ascorbic acid increases cardiovagal baroreflex sensitivity in healthy older men. Am J Physiol Heart Circ Physiol 286: H2113–H2117, 2004.
12. Gianfranco Piccirillo et al., Influence of Vitamin C on Baroreflex Sensitivity in
Chronic Heart Failure. Hypertension. 2003; 41:1240-1245.
13. Peter Studinger et al., Effect of vitamin E on carotid artery elasticity and baroreflex gain in young, health adults. Autonomic Neuroscience, V 113, I1, Pages 63-70; 2004
14. Béchir M et al., Folic Acid Improves Baroreceptor Sensitivity in Hypertension. J Cardiovasc Pharmacol;45:44–48), 2005
15. Xiu-juan MA et al, Clonidine, moxonidine, folic acid, and mecobalamin improve baroreflex function in stroke-prone, spontaneously hypertensive rats. Acta Pharmacol Sin 2007 Oct; 28 (10): 1550–1558
16. Deley G et al., Arterial baroreflex control of cardiac vagal outflow in older individuals can be enhanced by aerobic exercise training. Hypertension, 2009;53:826-832
17. Effects of long-term exercise training on cardiac baroreflex sensitivity in patients with coronary artery disease: a randomized controlled trial. Clin Rehabil. 2011 Mar;25(3):217-27
18. Carlos Monteiro, Slow breathing increases baroreflex sensitivity and reduces sympathetic activity with benefic effects to cardiovascular disease, August 9, 2010 em http://www.teoriadaacidez.blogspot.com
19. Radaelli A, Cazzaniga M, Viola A, et al. Enhanced baroreceptor control of the cardiovascular system by polyunsaturated fatty acids in heart failure patients J Am Coll Cardiol 2006;48:1600-1606. Texto gratuito em http://content.onlinejacc.org/cgi/reprint/48/8/1600.pdf
É interessante notar o dano ou redução da sensitividade barorreflexa em frente de alguns fatores chave para a aterosclerose, doença cardiovascular e acidente vascular cerebral, como por exemplo, o envelhecimento, a ingestão de açucares, em especial nas dietas com alto conteúdo de frutose, e o fumo.
Relacionados à aterosclerose existem alguns estudos mostrando que na ateromatose bilateral da carótida (1) e em uma maior espessura da intima-media da carótida (2), a sensitividade barorreflexa é reduzida ou danificada.
Nessa direção um estudo publicado em 2005 indicou que a disfunção barorreflexa arterial promove o desenvolvimento da aterosclerose em ratos, e que a inflamação pode estar envolvida no processo (3). Os mesmos autores demonstraram em uma mais recente publicação de que baixas doses de ketanserina, um anti-hipertensivo, preveniu o desenvolvimento da aterosclerose em ratos e coelhos espontaneamente hipertensivos, pelo menos em parte, através da intensificação da sensitividade barorreflexa arterial (4). Outras drogas anti-hipertensivas como betabloqueadores podem intensificar a sensitividade barorreflexa (5) com efeitos positivos na aterosclerose (6). Os glicosídeos cardíacos, que representam outra classe de remédios, também aumentam o controle barorreflexo cardiopulmonar da atividade simpática (7), o qual é provavelmente responsável pelos potenciais efeitos da digital na aterosclerose (6,8,9).
Ao lado das drogas mencionadas acima existem alguns estudos recentes sugerindo que ácidos graxos poliinsaturados - ômega-3 (19), cacau (10), vitaminas como, por exemplo, vitamina C (11,12), vitamina E (13) e ácido fólico (14,15), a parte de exercícios aeróbicos (16,17) e da respiração lenta (18), melhoram a sensibilidade barorreflexa com possíveis efeitos positivos no tratamento e prevenção da aterosclerose, de acordo com o ponto de vista da teoria da acidez (6), onde a predominância simpática é o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica.
Carlos Monteiro
1. Nasr N et al. Baroreflex sensitivity is impaired in bilateral carotid atherosclerosis. Stroke, 2005;36:1891-1895
2. Gianoros PJ et al. Greater intima-media thickness in the carotid bulb is associated with reduced baroreflex sensitivity. Am J Hypertens. 2002; 15(6): 486-491
3. Cai GJ et al. Arterial baroreflex dysfunction promotes atherosclerosis in rats. Atherosclerosis, 2005 Nov; 183(1):41-7
4. Yu YS et al. Effects of low-dose ketanserin on atherosclerosis in rats and rabbits. Can J Pysiol Pharmacol 2010 Nov;88(11):1054-60
5. Truijen J et al. Baroreflex sensitivity is higher during acute psychological stress in healthy subjects under B-adrenergic blockade. Clin Sci (Lond), Feb 2011; 120(4):161-167
6. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
7. Schobel HP et al. 1991.Contrasting effects of digitalis and dobutamine on baroreflex sympathetic control in normal humans, Circulation V84, 1118-1129. Texto gratuito em http://circ.ahajournals.org/cgi/reprint/84/3/1118
8. Jagielska J. et al. Digitoxin elicits anti-inflammatory and vasoprotective properties in endothelial cells: Therapeutic implications for the treatment of atherosclerosis?, doi:10.1016/j.atherosclerosis.2009.03.019
9. Kolkhof P et al. Cardiac glycosides potently inhibit C-reactive protein synthesis in human hepatocytes. Biochem Biophys Res Commun. 2010 Mar 26;394(1):233-9. Epub 2010 Mar 3.
10. Akita M et al., Effects of cacao liquor polyphenols on cardiovascular and autonomic nervous functions in hypercholesterolaemic rabbits. Basic Clin Pharmacol Toxicol. 2008 Dec;103(6):581-7.
11. Kevin D. Monahan et al, Ascorbic acid increases cardiovagal baroreflex sensitivity in healthy older men. Am J Physiol Heart Circ Physiol 286: H2113–H2117, 2004.
12. Gianfranco Piccirillo et al., Influence of Vitamin C on Baroreflex Sensitivity in
Chronic Heart Failure. Hypertension. 2003; 41:1240-1245.
13. Peter Studinger et al., Effect of vitamin E on carotid artery elasticity and baroreflex gain in young, health adults. Autonomic Neuroscience, V 113, I1, Pages 63-70; 2004
14. Béchir M et al., Folic Acid Improves Baroreceptor Sensitivity in Hypertension. J Cardiovasc Pharmacol;45:44–48), 2005
15. Xiu-juan MA et al, Clonidine, moxonidine, folic acid, and mecobalamin improve baroreflex function in stroke-prone, spontaneously hypertensive rats. Acta Pharmacol Sin 2007 Oct; 28 (10): 1550–1558
16. Deley G et al., Arterial baroreflex control of cardiac vagal outflow in older individuals can be enhanced by aerobic exercise training. Hypertension, 2009;53:826-832
17. Effects of long-term exercise training on cardiac baroreflex sensitivity in patients with coronary artery disease: a randomized controlled trial. Clin Rehabil. 2011 Mar;25(3):217-27
18. Carlos Monteiro, Slow breathing increases baroreflex sensitivity and reduces sympathetic activity with benefic effects to cardiovascular disease, August 9, 2010 em http://www.teoriadaacidez.blogspot.com
19. Radaelli A, Cazzaniga M, Viola A, et al. Enhanced baroreceptor control of the cardiovascular system by polyunsaturated fatty acids in heart failure patients J Am Coll Cardiol 2006;48:1600-1606. Texto gratuito em http://content.onlinejacc.org/cgi/reprint/48/8/1600.pdf
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
A infecção através de bacteremia leva a hiperatividade do simpático e então ao processo aterosclerótico
Pesquisas sugerem há bastante tempo que a infecção pode ser a causa ou promover aterosclerose. Essa idéia é suportada por muitos relatos e estudos epidemiológicos (1).
Entretanto, os principais testes usando antibióticos falharam em provar seus efeitos de proteção na prevenção secundária da doença arterial coronária (2).
A doença periodontal, uma das mais comuns infecções crônicas de bactérias, pode representar um cenário favorável para verificar a conexão entre infecção e aterosclerose/doença cardiovascular.
Os primeiros pesquisadores a indicar um relacionamento entre infecções orais e aterosclerose foram Mattila e colegas. Em seu estudo publicado em 1989 eles identificaram a doença periodontal como um independente preditor de um elevado risco de infarto do miocárdio (3).
Muitos estudos estão sugerindo uma fonte oral para a bactéria associada à placa aterosclerótica, com a demonstração da presença de patogênicos periodontais viáveis nas placas ateroscleróticas (4, 5, 6, 7). Relativamente a esse ponto uma interessante hipótese foi proposta em 2004 de que a infecção periodontal poderia levar a breves episódios de bacteremia com a inoculação da placa aterosclerótica por patogênicos periodontais tais como Porphyromonas gingivalis, Actinobacillus actinomycetemcomitants e Tannerela forsythensis (8).
Relacionada a esse assunto uma recente revisão de estudos diz que procedimentos clínicos por dentistas nos dentes e periodôntica, junto com a escovação diária feita por pacientes, produz uma bacteremia transitória, a qual pode causar uma infecção secundária em um tecido ou órgão distante, inclusive artérias. Para os autores dessa revisão é evidente que ambos os procedimentos cirúrgicos endodônticos e instrumentação não cirúrgica de raiz de canal durante endodontia podem produzir bacteremia transitória. Também enfatizaram que a extração de dente causa bacteremia em 100% das vezes (9)
Coincidentemente, um estudo publicado no mês passado revelou dados de pacientes do Medicaid mostrando que os riscos de eventos cardiovasculares adversos aumentam agudamente no mês seguinte ao tratamento invasivo dental e então gradualmente retornam ao normal após 6 meses (10)
Contudo, uma importante informação é deixada de lado pela maioria dos investigadores estudando a conexão entre a infecção oral e aterosclerose/doença cardiovascular. Eles não tomam em consideração de que o sistema nervoso simpático é intensamente ativado durante a bacteremia. Isso foi demonstrado por estudos mostrando que o tônus do simpático rapidamente aumenta após injeção experimental ou infusão de bactérias e similarmente durante bacteremia em humanos (11, 12, 13, 14).
Além disso, em uma revisão sistemática publicada em 2007, cerca de 57% dos estudos mostrou uma relação positiva entre estresse/fatores psicológicos e doença periodontal (15). Esses resultados são reforçados por um estudo bastante recente indicando que o sistema nervoso simpático é envolvido no desenvolvimento da periodontite e que o bloqueio dos beta-receptores no tecido periodontal por um simpatolítico (propranolol) inibiu a diferenciação entre osteclastos e preveniu perda de osso alveolar induzido por Porphyromonas gingivalis (16)
Dentro do ponto de vista da teoria da acidez na aterosclerose a predominância do simpático é o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica. Portanto, pensamos que a infecção através da bacteremia pode ser adicionada a longa lista de fatores de risco para aterosclerose/doença cardiovascular, como mencionado no trabalho sobre a teoria da acidez e em outros artigos prévios publicados nesse blog (17).
Carlos Monteiro
1. Epstein SE, Zhou YF, Zhu J. Infection and atherosclerosis. Emerging mechanistic
paradigms. Circulation 1999;100:20–8.
2. Anderson JL. Infection, antibiotics and atherothrombosis: end of the road or new beginnings?, N Eng J Med 2005;352:1706-1709
3. Mattila K, Nieminen MS, Valtonen VV, et al. Association between dental health and acute myocardial infarction. Br Med J 1989;298:779–82.
4. Haraszthy VI, Zambon JJ, Trevisan M, Zeid M, Genco RJ. Identification of
periodontal pathogens in atheromatous plaques. J Periodontol 71:1554–1560, 2000
5. Stelzel M, et al. Detection of Porphyromonas gingivalis DNA in aortic tissue by PCR. J Periodontol 73:868–870, 2002
6. Kozarov EV, Dorn BR, Shelburne CE, Dunn WA, Jr, Progulske-Fox A. Human atherosclerotic plaque contains viable invasive Actinobacillus actinomycetemcomitans and Porphyromonas gingivalis. Arterioscler Thromb Vasc Biol 25:e17–e18, 2005
7. Gaetti-Jardim E, Jr, Marcelino SL, Feitosa AC, Romito GA, Avila-Campos MJ. Quantitative detection of periodontopathic bacteria in atherosclerotic plaques from coronary arteries. J Med Microbiol 58:1568–1575, 2009
8. Giacona MB, Papapanou PN, Lamster IB, Rong IL, D’Agati VD, Schmidt AM, and Lalla E. Porphyromonas gingivalis induces its uptake by human monocytes/macrophages and promotes foam cell formation in vitro. FEMS Microbiol Letter. 241, 95-101, 2004
9. Cotti E, Dessi C, Piras A, Mercuro G. Can a chronic dental infection be considered a cause of cardiovascular disease? A review of the literature. International Journal of Cardiology, 2010, doi 10.1016/j.ijcard.2010.08.011
10. Minassian C, D’Aiuto F, Hingoriani AD, Smeeth L. Invasive dental treatment and risk for vascular events. A self-controlled case series. Ann Intern Med 2010; 153:499-506
11. Palsson J, Ricksten SE, Delle M, Lundin S. Changes in renal sympathetic nerve activity during experimental septic and endotoxin shock in conscious rats. Circ Shock 1988; 24:13341.
12. Jones SB, Kovarik MF, Romano FD. Cardiac and splenic norepinephrine turnover during septic peritonitis. Am J Physiol 1986; 250:R8927.
13. Leinhardt DJ, Arnold J, Shipley KA, Mughal MM, Little RA, Irving MH. Plasma NE concentrations do not accurately reflect sympathetic nervous system activity in human sepsis. Am J Physiol 1993; 265:E2848.
14. Straub RH, Pongratz G, Weidler C, Linde HJ, Kirschning CJ, Glück T, Schölmerich J, Falk W. Ablation of the sympathetic nervous system decreases gram-negative and increases gram-positive bacterial dissemination: key roles for tumor necrosis factor/phagocytes and interleukin-4/lymphocytes. Infect Dis. 2005 Aug 15;192(4):560-72.
15. Daiane C. Peruzzo, Bruno B. Benatti, Glaucia M.B. Ambrosano, Getúlio R. Nogueira-Filho, Enilson A. Sallum, Márcio Z. Casati, and Francisco H. Nociti Jr. A Systematic Review of Stress and Psychological Factors as Possible Risk Factors for Periodontal Disease. Journal of Periodontology, August 2007, Vol. 78, No. 8, Pages 1491-1504
16. Okada Y, Hamada N, Kim Y, Takahashi Y, Sasaguri K, Ozono S, Sato S. Blockade of sympathetic b-receptors inhibits Porphyromonas gingivalis-induced alveolar bone loss in an experimental rat periodontitis model. Arch Oral Biol. 2010 Jul;55(7):502-8.
17. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
Entretanto, os principais testes usando antibióticos falharam em provar seus efeitos de proteção na prevenção secundária da doença arterial coronária (2).
A doença periodontal, uma das mais comuns infecções crônicas de bactérias, pode representar um cenário favorável para verificar a conexão entre infecção e aterosclerose/doença cardiovascular.
Os primeiros pesquisadores a indicar um relacionamento entre infecções orais e aterosclerose foram Mattila e colegas. Em seu estudo publicado em 1989 eles identificaram a doença periodontal como um independente preditor de um elevado risco de infarto do miocárdio (3).
Muitos estudos estão sugerindo uma fonte oral para a bactéria associada à placa aterosclerótica, com a demonstração da presença de patogênicos periodontais viáveis nas placas ateroscleróticas (4, 5, 6, 7). Relativamente a esse ponto uma interessante hipótese foi proposta em 2004 de que a infecção periodontal poderia levar a breves episódios de bacteremia com a inoculação da placa aterosclerótica por patogênicos periodontais tais como Porphyromonas gingivalis, Actinobacillus actinomycetemcomitants e Tannerela forsythensis (8).
Relacionada a esse assunto uma recente revisão de estudos diz que procedimentos clínicos por dentistas nos dentes e periodôntica, junto com a escovação diária feita por pacientes, produz uma bacteremia transitória, a qual pode causar uma infecção secundária em um tecido ou órgão distante, inclusive artérias. Para os autores dessa revisão é evidente que ambos os procedimentos cirúrgicos endodônticos e instrumentação não cirúrgica de raiz de canal durante endodontia podem produzir bacteremia transitória. Também enfatizaram que a extração de dente causa bacteremia em 100% das vezes (9)
Coincidentemente, um estudo publicado no mês passado revelou dados de pacientes do Medicaid mostrando que os riscos de eventos cardiovasculares adversos aumentam agudamente no mês seguinte ao tratamento invasivo dental e então gradualmente retornam ao normal após 6 meses (10)
Contudo, uma importante informação é deixada de lado pela maioria dos investigadores estudando a conexão entre a infecção oral e aterosclerose/doença cardiovascular. Eles não tomam em consideração de que o sistema nervoso simpático é intensamente ativado durante a bacteremia. Isso foi demonstrado por estudos mostrando que o tônus do simpático rapidamente aumenta após injeção experimental ou infusão de bactérias e similarmente durante bacteremia em humanos (11, 12, 13, 14).
Além disso, em uma revisão sistemática publicada em 2007, cerca de 57% dos estudos mostrou uma relação positiva entre estresse/fatores psicológicos e doença periodontal (15). Esses resultados são reforçados por um estudo bastante recente indicando que o sistema nervoso simpático é envolvido no desenvolvimento da periodontite e que o bloqueio dos beta-receptores no tecido periodontal por um simpatolítico (propranolol) inibiu a diferenciação entre osteclastos e preveniu perda de osso alveolar induzido por Porphyromonas gingivalis (16)
Dentro do ponto de vista da teoria da acidez na aterosclerose a predominância do simpático é o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica. Portanto, pensamos que a infecção através da bacteremia pode ser adicionada a longa lista de fatores de risco para aterosclerose/doença cardiovascular, como mencionado no trabalho sobre a teoria da acidez e em outros artigos prévios publicados nesse blog (17).
Carlos Monteiro
1. Epstein SE, Zhou YF, Zhu J. Infection and atherosclerosis. Emerging mechanistic
paradigms. Circulation 1999;100:20–8.
2. Anderson JL. Infection, antibiotics and atherothrombosis: end of the road or new beginnings?, N Eng J Med 2005;352:1706-1709
3. Mattila K, Nieminen MS, Valtonen VV, et al. Association between dental health and acute myocardial infarction. Br Med J 1989;298:779–82.
4. Haraszthy VI, Zambon JJ, Trevisan M, Zeid M, Genco RJ. Identification of
periodontal pathogens in atheromatous plaques. J Periodontol 71:1554–1560, 2000
5. Stelzel M, et al. Detection of Porphyromonas gingivalis DNA in aortic tissue by PCR. J Periodontol 73:868–870, 2002
6. Kozarov EV, Dorn BR, Shelburne CE, Dunn WA, Jr, Progulske-Fox A. Human atherosclerotic plaque contains viable invasive Actinobacillus actinomycetemcomitans and Porphyromonas gingivalis. Arterioscler Thromb Vasc Biol 25:e17–e18, 2005
7. Gaetti-Jardim E, Jr, Marcelino SL, Feitosa AC, Romito GA, Avila-Campos MJ. Quantitative detection of periodontopathic bacteria in atherosclerotic plaques from coronary arteries. J Med Microbiol 58:1568–1575, 2009
8. Giacona MB, Papapanou PN, Lamster IB, Rong IL, D’Agati VD, Schmidt AM, and Lalla E. Porphyromonas gingivalis induces its uptake by human monocytes/macrophages and promotes foam cell formation in vitro. FEMS Microbiol Letter. 241, 95-101, 2004
9. Cotti E, Dessi C, Piras A, Mercuro G. Can a chronic dental infection be considered a cause of cardiovascular disease? A review of the literature. International Journal of Cardiology, 2010, doi 10.1016/j.ijcard.2010.08.011
10. Minassian C, D’Aiuto F, Hingoriani AD, Smeeth L. Invasive dental treatment and risk for vascular events. A self-controlled case series. Ann Intern Med 2010; 153:499-506
11. Palsson J, Ricksten SE, Delle M, Lundin S. Changes in renal sympathetic nerve activity during experimental septic and endotoxin shock in conscious rats. Circ Shock 1988; 24:13341.
12. Jones SB, Kovarik MF, Romano FD. Cardiac and splenic norepinephrine turnover during septic peritonitis. Am J Physiol 1986; 250:R8927.
13. Leinhardt DJ, Arnold J, Shipley KA, Mughal MM, Little RA, Irving MH. Plasma NE concentrations do not accurately reflect sympathetic nervous system activity in human sepsis. Am J Physiol 1993; 265:E2848.
14. Straub RH, Pongratz G, Weidler C, Linde HJ, Kirschning CJ, Glück T, Schölmerich J, Falk W. Ablation of the sympathetic nervous system decreases gram-negative and increases gram-positive bacterial dissemination: key roles for tumor necrosis factor/phagocytes and interleukin-4/lymphocytes. Infect Dis. 2005 Aug 15;192(4):560-72.
15. Daiane C. Peruzzo, Bruno B. Benatti, Glaucia M.B. Ambrosano, Getúlio R. Nogueira-Filho, Enilson A. Sallum, Márcio Z. Casati, and Francisco H. Nociti Jr. A Systematic Review of Stress and Psychological Factors as Possible Risk Factors for Periodontal Disease. Journal of Periodontology, August 2007, Vol. 78, No. 8, Pages 1491-1504
16. Okada Y, Hamada N, Kim Y, Takahashi Y, Sasaguri K, Ozono S, Sato S. Blockade of sympathetic b-receptors inhibits Porphyromonas gingivalis-induced alveolar bone loss in an experimental rat periodontitis model. Arch Oral Biol. 2010 Jul;55(7):502-8.
17. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Associação da anormalidade nos lipídeos com a produção anormal de lactato e a progressão da doença arterial coronária
A associação dos níveis aumentados dos lipídeos com o lactato anormal no metabolismo pode fornecer um eficiente teste de triagem para a detecção da doença arterial coronária (1). De fato, foi demonstrado que a anormalidade dos lipídeos no plasma e a produção de lactato no miocárdio, no tempo do estudo inicial, foram significativamente associadas com uma progressão arteriografica subseqüente (2).
Em nossa opinião o aumento nos lipídeos do plasma, apresentado nesses estudos, poderia ser uma resposta à injúria do endotélio arterial, relacionado com uma aumentada liberação de lactato. O conceito da resposta à injúria é suportado pela teoria da acidez na aterosclerose (4)
O montante de lactato liberado pelo miocárdio tem-se mostrado estar relacionado com a severidade da doença arterial coronária em diversos estudos (1,2,3). Um desses estudos (3) demonstrou heterogeneidade do metabolismo de lactato miocárdico em repouso nos pacientes com doença coronário-miocárdica. Lactato foi liberado ou produzido pelo miocárdio quando não existia nenhuma evidência de isquemia e a diferença de lactato no seio coronário mostrando extração liquida de lactato global.
Carlos Monteiro
1. G. Jackson, Lynne Atkinson, M. Clark, B. Crook, P. Armstrong, and S. Oram, Diagnosis of coronary artery disease by estimation of coronary sinus lactate. British Heart Journal, 1978, 40, 979-983. Texto gratuito em http://circ.ahajournals.org/content/47/3/455.full.pdf
2. Bemis CE, Gorlin R, et al. Progression of coronary artery disease: A clinical arteriographic study. Circulation, Vol XLVII, March 1973. Texto gratuito em http://circ.ahajournals.org/content/47/3/455.full.pdf
3. Gertz EW, Wisneski JA, Neese R, Bristow JD, Searle GL, Hanlon JT: Myocardial lactate metabolism: evidence of lactate release during net chemical extraction in man. Circulation 1981, 63: 1273-1279. Texto gratuito em http://circ.ahajournals.org/cgi/reprint/63/6/1273
4. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
Em nossa opinião o aumento nos lipídeos do plasma, apresentado nesses estudos, poderia ser uma resposta à injúria do endotélio arterial, relacionado com uma aumentada liberação de lactato. O conceito da resposta à injúria é suportado pela teoria da acidez na aterosclerose (4)
O montante de lactato liberado pelo miocárdio tem-se mostrado estar relacionado com a severidade da doença arterial coronária em diversos estudos (1,2,3). Um desses estudos (3) demonstrou heterogeneidade do metabolismo de lactato miocárdico em repouso nos pacientes com doença coronário-miocárdica. Lactato foi liberado ou produzido pelo miocárdio quando não existia nenhuma evidência de isquemia e a diferença de lactato no seio coronário mostrando extração liquida de lactato global.
Carlos Monteiro
1. G. Jackson, Lynne Atkinson, M. Clark, B. Crook, P. Armstrong, and S. Oram, Diagnosis of coronary artery disease by estimation of coronary sinus lactate. British Heart Journal, 1978, 40, 979-983. Texto gratuito em http://circ.ahajournals.org/content/47/3/455.full.pdf
2. Bemis CE, Gorlin R, et al. Progression of coronary artery disease: A clinical arteriographic study. Circulation, Vol XLVII, March 1973. Texto gratuito em http://circ.ahajournals.org/content/47/3/455.full.pdf
3. Gertz EW, Wisneski JA, Neese R, Bristow JD, Searle GL, Hanlon JT: Myocardial lactate metabolism: evidence of lactate release during net chemical extraction in man. Circulation 1981, 63: 1273-1279. Texto gratuito em http://circ.ahajournals.org/cgi/reprint/63/6/1273
4. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
domingo, 5 de setembro de 2010
Os níveis de ácido láctico no plasma e de desidrogenase láctica (LDH) aumentam com a idade?
Loiseleur e Morel foram os primeiros a relatar em 1931 sobre o aumento na concentração de ácido láctico no plasma com a idade (1). Contudo, em um estudo realizado por Gottfried, Pelz e Clifford, publicado em 1961, não foi observada nenhuma diferença nos níveis de ácido láctico no plasma entre um grupo de 49 homens e mulheres acima de 70 anos de idade e um grupo de controle abaixo de 50 anos de idade (2).
Davis e colegas em estudo publicado em 1966 também relataram que o ácido láctico no plasma não aumenta com a idade. Em dois grupos de pacientes ambulatoriais com idade média de 67 anos, totalizando 544 indivíduos que estavam aparentemente livres de doenças agudas, a análise de regressão para tanto o ácido láctico no plasma quanto ao LDH não revelou qualquer mudança significativa (3).
Contrastando com os relatos de Gottfried (2) e Davis (3), um estudo por Nagamine e Shima publicado em 1989 indicou a partir de análises químicas no plasma, obtido de 1822 homens e de 1870 mulheres, que os valores para o LDH foram maiores nas mulheres acima de 50 anos de idade. Quando homens e mulheres foram combinados as faixas de referências normais para o LDH tenderam a ser elevadas. Os valores para o colesterol total e triglicérides alcançaram um pico em certa idade (4).
Tomando em vista os resultados conflitantes nos trabalhos acima mencionados, pensamos que novas investigações são necessárias em ordem de definitivamente esclarecer se o ácido láctico no plasma e o LDH aumentam com a idade, se existe correlação com os níveis de colesterol, e sobre uma potencial relação causal, como apregoada pela teoria da acidez na aterosclerose (5).
Lembrando O. J. Pollak, 1952:
“Certamente todos os tecidos mudam com a idade. Existe envelhecimento anatômico e químico. A acidez dos tecidos aumenta com a idade; isso favorece a precipitação do colesterol”, O. J. Pollak, 1952
Carlos Monteiro
1. Loiséleur J and R Morel. Influence de l’age et de L’état fonctionnel du foie sur la lacticémie. C. R. Soc. Biol, Paris, 106:35-37, 1931
2. Gottfried S. P., K. S. Pelz and R. C. Clifford. Carbohydrate metabolism in healthy old men over 70 years of age. Amer J. med. Sci, 242: 475-480, 1961
3. Davis R. L., Lawton A. H. et al. Serum lactate and lactic dehydrogenase levels of aging males. J. Gerontology 1966, Oct 21(4):571-4
4. Nagamine Y, Shima K. Changes in normal reference ranges for serum chemical analyses with ageing. Nippon Ronen Igakkai Zasshi. 1989 Jan;26(1):31-6.
5. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
Davis e colegas em estudo publicado em 1966 também relataram que o ácido láctico no plasma não aumenta com a idade. Em dois grupos de pacientes ambulatoriais com idade média de 67 anos, totalizando 544 indivíduos que estavam aparentemente livres de doenças agudas, a análise de regressão para tanto o ácido láctico no plasma quanto ao LDH não revelou qualquer mudança significativa (3).
Contrastando com os relatos de Gottfried (2) e Davis (3), um estudo por Nagamine e Shima publicado em 1989 indicou a partir de análises químicas no plasma, obtido de 1822 homens e de 1870 mulheres, que os valores para o LDH foram maiores nas mulheres acima de 50 anos de idade. Quando homens e mulheres foram combinados as faixas de referências normais para o LDH tenderam a ser elevadas. Os valores para o colesterol total e triglicérides alcançaram um pico em certa idade (4).
Tomando em vista os resultados conflitantes nos trabalhos acima mencionados, pensamos que novas investigações são necessárias em ordem de definitivamente esclarecer se o ácido láctico no plasma e o LDH aumentam com a idade, se existe correlação com os níveis de colesterol, e sobre uma potencial relação causal, como apregoada pela teoria da acidez na aterosclerose (5).
Lembrando O. J. Pollak, 1952:
“Certamente todos os tecidos mudam com a idade. Existe envelhecimento anatômico e químico. A acidez dos tecidos aumenta com a idade; isso favorece a precipitação do colesterol”, O. J. Pollak, 1952
Carlos Monteiro
1. Loiséleur J and R Morel. Influence de l’age et de L’état fonctionnel du foie sur la lacticémie. C. R. Soc. Biol, Paris, 106:35-37, 1931
2. Gottfried S. P., K. S. Pelz and R. C. Clifford. Carbohydrate metabolism in healthy old men over 70 years of age. Amer J. med. Sci, 242: 475-480, 1961
3. Davis R. L., Lawton A. H. et al. Serum lactate and lactic dehydrogenase levels of aging males. J. Gerontology 1966, Oct 21(4):571-4
4. Nagamine Y, Shima K. Changes in normal reference ranges for serum chemical analyses with ageing. Nippon Ronen Igakkai Zasshi. 1989 Jan;26(1):31-6.
5. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Enxaqueca, doença cardiovascular e maior concentração de ácido láctico no plasma
Pessoas com enxaqueca, particularmente aquelas com aura (distúrbios sensoriais ou visuais temporários antes ou durante a dor de cabeça), têm um aumentado risco de mortalidade na doença coronário-miocárdica e derrame (AVC), de acordo com pesquisa publicada nesta semana no British Medical Journal. O estudo avaliou o impacto de episódios de enxaqueca na meia-idade em 18.725 homens e mulheres nascidos entre 1907 e 1935 que tomaram parte no Reykjavik Study (estabelecido em 1967 pela Associação de Coração da Islândia). No total, o time de pesquisa explorou cerca de 470.000 pessoas-anos de dados com um seguimento de 26 anos. Sua conclusão foi de que a enxaqueca com aura é um fator de risco independente para a doença cardiovascular e mortalidade por todas as causas em homens e mulheres (1).
O interessante é que os sofredores de enxaquecas têm maior concentração de ácido láctico no plasma (2), um fator de risco decisivo para a doença cardiovascular, conforme a teoria da acidez na aterosclerose (3).
Carlos Monteiro
1.Larus S Gudmundsson, Ann I Scher, Thor Aspelund, Jon H Eliasson, Magnus Johannsson,Gudmundur Thorgeirsson, Lenore Launer and Vilmundur Gudnason. Migraine with aura and risk of cardiovascular and all cause mortality in men and women: prospective cohort study. Published 24 August 2010, doi:10.1136/bmj.c3966, BMJ 2010;341:c3966. Full free text at http://www.bmj.com/cgi/content/full/341/aug24_1/c3966
2.Okada H, Araga S, Takeshima T, Nakashima K. Plasma lactic acid and pyruvic acid levels in migraine and tension-type headache. Headache. 1998 Jan;38(1):39-42.
3. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
O interessante é que os sofredores de enxaquecas têm maior concentração de ácido láctico no plasma (2), um fator de risco decisivo para a doença cardiovascular, conforme a teoria da acidez na aterosclerose (3).
Carlos Monteiro
1.Larus S Gudmundsson, Ann I Scher, Thor Aspelund, Jon H Eliasson, Magnus Johannsson,Gudmundur Thorgeirsson, Lenore Launer and Vilmundur Gudnason. Migraine with aura and risk of cardiovascular and all cause mortality in men and women: prospective cohort study. Published 24 August 2010, doi:10.1136/bmj.c3966, BMJ 2010;341:c3966. Full free text at http://www.bmj.com/cgi/content/full/341/aug24_1/c3966
2.Okada H, Araga S, Takeshima T, Nakashima K. Plasma lactic acid and pyruvic acid levels in migraine and tension-type headache. Headache. 1998 Jan;38(1):39-42.
3. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Respiração lenta aumenta a sensibilidade barorreflexa e reduz a atividade simpática com benéficos efeitos sobre a doença cardiovascular
O controle da respiração tem sido usado como uma estratégia efetiva para acalmar frente a situações estressantes na vida diária durante séculos. O conselho habitual para respirar profundamente sob circunstâncias emocionais tais como estresse, ansiedade e raiva é uma clara indicação disso, ainda que nós não paremos normalmente para considerar a conexão entre nossa respiração e os estados emocionais. Sobre o assunto existe um estudo realizado no Japão onde 241 homens e mulheres completaram o questionário concernente a eventos estressantes na vida real e estratégias de relaxamento que eles usaram para superar esses eventos estressantes. O resultado claramente mostrou que a maioria das estratégias usadas foi a de respiração profunda. Cerca de 60% dos indivíduos relataram que usaram o controle da respiração para acalmar em sua situação estressante. Muitos indivíduos responderam essa questão dizendo que a técnica de respiração abdominal (diafragmática) foi uma efetiva estratégia para acalmar (1).
O relaxamento através de respirações lentas (menos do que 10 ciclos por minuto), usados nas técnicas de ioga e meditação, tem sido pensado por um longo tempo ter efeitos positivos na redução da pressão sangüínea.
Estudos básicos que suportam essas observações clínicas e empíricas e procurando esclarecer o relacionamento entre relaxamento e funções respiratórias começaram nos anos 70. Um trabalho publicado na revista Psychosomatic Medicine em 1996 referiu muitos estudos básicos na discussão sobre os usos terapêuticos da respiração lenta na atenuação de respostas autônomas cardíacas em pacientes com distúrbios de ansiedade (2).
Entretanto, apesar das muitas observações clínicas sugerindo esta direção, a ciência médica em geral, particularmente na cardiologia, tem negligenciado sobre a influência da respiração e de seu relacionamento com o sistema nervoso autônomo e o coração na sua ponderação sobre os fatores de risco cardíaco.
Afortunadamente, estudos recentes estão jogando mais luz e evidências sobre o assunto, dando novas bases para o estabelecimento científico a respeito do vínculo entre estados emocionais e a respiração. Seus achados mostram que a ativação simpática e a desativação do parassimpático estão implicadas na patogênese da hipertensão, apnéia do sono obstrutiva, e da insuficiência cardíaca congestiva, e que a respiração contribui de forma importante para decrescer a hiperatividade simpática e a melhoria da sensibilidade barorreflexa (3 - 13).
É interessante noticiar que o Dr. William Davis, cardiologista e autor do “The Heart Scan Blog”, disse recentemente em uma resposta como convidado no artigo do Jimmy Moore ‘Um leitor pergunta ‘O sangue ácido leva a inflamação arterial? Vamos perguntar aos especialistas’ (14): “Um pensamento final: Interessante, a forma mais fácil e rápida de aumentar o estado alcalino do sangue é a de respirar profundamente. A respiração profunda resulta em dióxido de carbono mais baixo no sangue, resultando em uma alcalinização líquida. Não seria engenhoso se pudéssemos estudar e quantificar essa resposta ao longo do tempo e de seus efeitos sobre a doença aterosclerótica?”
Também interessante é que enquanto alguns estudos documentaram maior atividade simpática nervosa total do músculo (MSNA) durante a hipercapnia comparada com hipóxia, outros estudos observaram uma maior resposta do MNSA frente à hipóxia, comparativamente com hipercapnia, em participantes com freqüências de respiração espontâneas, lentas e rápidas. Enquanto que os autores foram incapazes de distinguir se a ativação induzida foi quimiorreflexa, respiratória ou cardiovascular seus dados sugerem que a hipercapnia e hipóxia causam distintos padrões de ativação dentro de regiões normalmente associadas com controle simpático (15, 16).
Tomando em vista que o tratamento com o uso de pressão positiva contínua em via aérea (CPAP) pode reverter os sinais prematuros da aterosclerose (17), pensamos que a prática da respiração lenta pode também contribuir para a prevenção ou regressão da aterosclerose, através da redução da hiperatividade simpática, seja ela estimulada por hipercapnia, hipóxia, ou outros fatores, de acordo com o conceito da teoria da acidez (18, 19).
Ademais, a hipertensão é um importante fator de risco para o desenvolvimento da aterosclerose, com os dois processos apresentando alguns mecanismos em comum, sendo o endotélio colocado geralmente como o provável foco central para o efeito de ambas as doenças, com evidências que levam a postulação de que a hipertensão predispõe e acelera a aterosclerose (20).
Carlos Monteiro
Nota:
A meditação transcendental não somente reduz o colesterol (21) e a pressão sanguinea (22, 23), mas também reduz o desenvolvimento da aterosclerose (18). Ainda mais interessante é que uma meta-análise de 31 estudos achou que a TM produz uma redução do lactato no plasma (24, 25). Lactato reduzido no plasma indica profundo relaxamento, já que alta concentração de lactato tem sido associada com situações de stress (como por exemplo, alta ansiedade), e alta pressão sangüínea (20). Mais dados sobre lactato, stress, hipertensão e na redução da aterosclerose em pacientes submetidos à Ioga ou TM veja na monografia sobre a teoria da acidez na aterosclerose (18).
1. Yutaka Haruki, I Homma, Akio Umezawa, Y Hasaoka. Facilitation and Emotion of Breathing During Changes in Emotion, Chapter by Akio Umezawa, Book Respiration and Emotion, Springer, 2001
2. Sakakibara M and Hayano J. Effect of Slowed Respiration on Cardiac Parasympathetic Response to Threat. Psychosomatic Medicine 58:32-37 (1996). Full free text at http://www.psychosomaticmedicine.org/cgi/reprint/58/1/32.pdf
3. Clark ME, Hirschman R., Effects of paced respiration on anxiety reduction in a clinical population, Biofeedback Self Regul. 1990 Sep;15(3):273-84.
4. Meles E, Giannattasio C, et al. Nonpharmacologic treatment of hypertension by respiratory exercise in the home setting, Am J Hypertens. 2004 Apr;17(4):370-4
5. Grossman E, Grossman A, et al. Breathing-control lowers blood pressure, Hum Hypertens. 2001 Apr;15(4):263-9.
6. Viskoper R, Shapira I et al. Nonpharmacologic treatment of resistant hypertensives by device-guided slow breathing exercises. Am J Hypertens. 2003 Jun;16(6):484-7.
7. Schein MH, Gavish B, et al. Treating hypertension with a device that slows and regularises breathing: a randomised, double-blind controlled study, J Hum Hypertens. 2001 Apr;15(4):271-8.
8. Elliot WJ, Izzo JL Jr, et al. Graded blood pressure reduction in hypertensive outpatients associated with use of a device to assist with slow breathing. J Clin Hypertens (Greenwich). 2004 Oct;6(10):553-9; quiz 560-1.
9. Oneda B, Ortega KC et al. Sympathetic nerve activity is decreased during device-guided slow breathing, Hypertension Research 33, 708-712 (July 2010) | doi:10.1038/hr.2010.74
10. Anderson DE, McNeely JD, Windham BG. Regular slow-breathing exercise effects on blood pressure and breathing patterns at rest, J Hum Hypertens. 2010 Mar 4. [Epub ahead of print]
11. Joseph CN, Porta C, et al. Slow Breathing Improves Arterial Baroreflex Sensitivity and Decreases Blood Pressure in Essential Hypertension, Hypertension 2005;46;714-718; originally published online Aug 29, 2005
12. Narkiewicz K et al. Sympathetic Neural Outflow and Chemoreflex Sensitivity Are Related to Spontaneous Breathing Rate in Normal Men. Hypertension 2006;47;51-55; originally published online Dec 12, 2005
13. Bernardi L, Porta C, Slow Breathing Increases Arterial Baroreflex Sensitivity in Patients With Chronic Heart Failure, Circulation 2002;105;143-145
14. Jimmy Moore “A Reader Asks ‘Does Acidic Blood Lead To Arterial Inflammation?’ Let’s Ask The Low-Carb Experts!”, published at http://livinlavidalowcarb.com/blog/?p=7270, in February 10, 2010:
15. Bernardi L, Gabutti A et al. Slow breathing reduces chemoreflex response to hypoxia and hypercapnia, and increases baroreflex sensitivity, Journal of Hypertension, V 19;I 12 - pp 2221-2229, 2001
16. Steinback C. et al. Hypercapnic vs. hypoxic control of cardiovascular, cardiovagal and sympathetic function, Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol 296: R402-R410, 2009
17. Drager LF, Bortolotto LA, Figueiredo AC, Krieger EM, Lorenzi-Filho G. Effects of continuous positive airway pressure on early signs of atherosclerosis in obstructive sleep apnea. Am J Respir Crit Care Med 2007; 176: 706–712.
18. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
19. Predominância do sistema nervoso simpático: o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica. , Carlos Monteiro, 22 de Fevereiro de 2010 em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2010/02/predominancia-do-sistema-nervoso.html
20. Hipertensão, aterosclerose, stress e ácido láctico, Carlos Monteiro, 25 de novembro de 2009, em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2009/11/hipertensao-aterosclerose-stress-e.html
21. Cooper M, Aygen M. Transcendental Meditation in the management of hypercholesterolemia, Journal of Human Stress 1979; 5:24-27
22. Schneider RH, Staggers F, Alexander C, et al. A randomized controlled trial of stress reduction for hypertension in older African Americans. Hypertension 1995; 26: 820-827
23. Alexander C, Schneider RH, Staggers F. A trial of stress reduction for hypertension in older African Americans (part II); sex and risk factor subgroup analysis, Hypertension 1996; 28:228-237
24. Michael C. Dillbeck, David W Orme-Johnson. Physiological differences between meditation and rest. American Psychologist, Vol 42(9), Sep 1987, 879-881
25. The Effects of the Transcendental Meditation Technique on Common Risk Factors and Overall Health. Adapted from Chalmers, R. Scientific Research on Maharishi's Vedic Approach to Health: Part I Transcendental Meditation Introduction and Overview of Research, January 1998, at http://www.tm.cme.edu/article.pdf
O relaxamento através de respirações lentas (menos do que 10 ciclos por minuto), usados nas técnicas de ioga e meditação, tem sido pensado por um longo tempo ter efeitos positivos na redução da pressão sangüínea.
Estudos básicos que suportam essas observações clínicas e empíricas e procurando esclarecer o relacionamento entre relaxamento e funções respiratórias começaram nos anos 70. Um trabalho publicado na revista Psychosomatic Medicine em 1996 referiu muitos estudos básicos na discussão sobre os usos terapêuticos da respiração lenta na atenuação de respostas autônomas cardíacas em pacientes com distúrbios de ansiedade (2).
Entretanto, apesar das muitas observações clínicas sugerindo esta direção, a ciência médica em geral, particularmente na cardiologia, tem negligenciado sobre a influência da respiração e de seu relacionamento com o sistema nervoso autônomo e o coração na sua ponderação sobre os fatores de risco cardíaco.
Afortunadamente, estudos recentes estão jogando mais luz e evidências sobre o assunto, dando novas bases para o estabelecimento científico a respeito do vínculo entre estados emocionais e a respiração. Seus achados mostram que a ativação simpática e a desativação do parassimpático estão implicadas na patogênese da hipertensão, apnéia do sono obstrutiva, e da insuficiência cardíaca congestiva, e que a respiração contribui de forma importante para decrescer a hiperatividade simpática e a melhoria da sensibilidade barorreflexa (3 - 13).
É interessante noticiar que o Dr. William Davis, cardiologista e autor do “The Heart Scan Blog”, disse recentemente em uma resposta como convidado no artigo do Jimmy Moore ‘Um leitor pergunta ‘O sangue ácido leva a inflamação arterial? Vamos perguntar aos especialistas’ (14): “Um pensamento final: Interessante, a forma mais fácil e rápida de aumentar o estado alcalino do sangue é a de respirar profundamente. A respiração profunda resulta em dióxido de carbono mais baixo no sangue, resultando em uma alcalinização líquida. Não seria engenhoso se pudéssemos estudar e quantificar essa resposta ao longo do tempo e de seus efeitos sobre a doença aterosclerótica?”
Também interessante é que enquanto alguns estudos documentaram maior atividade simpática nervosa total do músculo (MSNA) durante a hipercapnia comparada com hipóxia, outros estudos observaram uma maior resposta do MNSA frente à hipóxia, comparativamente com hipercapnia, em participantes com freqüências de respiração espontâneas, lentas e rápidas. Enquanto que os autores foram incapazes de distinguir se a ativação induzida foi quimiorreflexa, respiratória ou cardiovascular seus dados sugerem que a hipercapnia e hipóxia causam distintos padrões de ativação dentro de regiões normalmente associadas com controle simpático (15, 16).
Tomando em vista que o tratamento com o uso de pressão positiva contínua em via aérea (CPAP) pode reverter os sinais prematuros da aterosclerose (17), pensamos que a prática da respiração lenta pode também contribuir para a prevenção ou regressão da aterosclerose, através da redução da hiperatividade simpática, seja ela estimulada por hipercapnia, hipóxia, ou outros fatores, de acordo com o conceito da teoria da acidez (18, 19).
Ademais, a hipertensão é um importante fator de risco para o desenvolvimento da aterosclerose, com os dois processos apresentando alguns mecanismos em comum, sendo o endotélio colocado geralmente como o provável foco central para o efeito de ambas as doenças, com evidências que levam a postulação de que a hipertensão predispõe e acelera a aterosclerose (20).
Carlos Monteiro
Nota:
A meditação transcendental não somente reduz o colesterol (21) e a pressão sanguinea (22, 23), mas também reduz o desenvolvimento da aterosclerose (18). Ainda mais interessante é que uma meta-análise de 31 estudos achou que a TM produz uma redução do lactato no plasma (24, 25). Lactato reduzido no plasma indica profundo relaxamento, já que alta concentração de lactato tem sido associada com situações de stress (como por exemplo, alta ansiedade), e alta pressão sangüínea (20). Mais dados sobre lactato, stress, hipertensão e na redução da aterosclerose em pacientes submetidos à Ioga ou TM veja na monografia sobre a teoria da acidez na aterosclerose (18).
1. Yutaka Haruki, I Homma, Akio Umezawa, Y Hasaoka. Facilitation and Emotion of Breathing During Changes in Emotion, Chapter by Akio Umezawa, Book Respiration and Emotion, Springer, 2001
2. Sakakibara M and Hayano J. Effect of Slowed Respiration on Cardiac Parasympathetic Response to Threat. Psychosomatic Medicine 58:32-37 (1996). Full free text at http://www.psychosomaticmedicine.org/cgi/reprint/58/1/32.pdf
3. Clark ME, Hirschman R., Effects of paced respiration on anxiety reduction in a clinical population, Biofeedback Self Regul. 1990 Sep;15(3):273-84.
4. Meles E, Giannattasio C, et al. Nonpharmacologic treatment of hypertension by respiratory exercise in the home setting, Am J Hypertens. 2004 Apr;17(4):370-4
5. Grossman E, Grossman A, et al. Breathing-control lowers blood pressure, Hum Hypertens. 2001 Apr;15(4):263-9.
6. Viskoper R, Shapira I et al. Nonpharmacologic treatment of resistant hypertensives by device-guided slow breathing exercises. Am J Hypertens. 2003 Jun;16(6):484-7.
7. Schein MH, Gavish B, et al. Treating hypertension with a device that slows and regularises breathing: a randomised, double-blind controlled study, J Hum Hypertens. 2001 Apr;15(4):271-8.
8. Elliot WJ, Izzo JL Jr, et al. Graded blood pressure reduction in hypertensive outpatients associated with use of a device to assist with slow breathing. J Clin Hypertens (Greenwich). 2004 Oct;6(10):553-9; quiz 560-1.
9. Oneda B, Ortega KC et al. Sympathetic nerve activity is decreased during device-guided slow breathing, Hypertension Research 33, 708-712 (July 2010) | doi:10.1038/hr.2010.74
10. Anderson DE, McNeely JD, Windham BG. Regular slow-breathing exercise effects on blood pressure and breathing patterns at rest, J Hum Hypertens. 2010 Mar 4. [Epub ahead of print]
11. Joseph CN, Porta C, et al. Slow Breathing Improves Arterial Baroreflex Sensitivity and Decreases Blood Pressure in Essential Hypertension, Hypertension 2005;46;714-718; originally published online Aug 29, 2005
12. Narkiewicz K et al. Sympathetic Neural Outflow and Chemoreflex Sensitivity Are Related to Spontaneous Breathing Rate in Normal Men. Hypertension 2006;47;51-55; originally published online Dec 12, 2005
13. Bernardi L, Porta C, Slow Breathing Increases Arterial Baroreflex Sensitivity in Patients With Chronic Heart Failure, Circulation 2002;105;143-145
14. Jimmy Moore “A Reader Asks ‘Does Acidic Blood Lead To Arterial Inflammation?’ Let’s Ask The Low-Carb Experts!”, published at http://livinlavidalowcarb.com/blog/?p=7270, in February 10, 2010:
15. Bernardi L, Gabutti A et al. Slow breathing reduces chemoreflex response to hypoxia and hypercapnia, and increases baroreflex sensitivity, Journal of Hypertension, V 19;I 12 - pp 2221-2229, 2001
16. Steinback C. et al. Hypercapnic vs. hypoxic control of cardiovascular, cardiovagal and sympathetic function, Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol 296: R402-R410, 2009
17. Drager LF, Bortolotto LA, Figueiredo AC, Krieger EM, Lorenzi-Filho G. Effects of continuous positive airway pressure on early signs of atherosclerosis in obstructive sleep apnea. Am J Respir Crit Care Med 2007; 176: 706–712.
18. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
19. Predominância do sistema nervoso simpático: o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica. , Carlos Monteiro, 22 de Fevereiro de 2010 em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2010/02/predominancia-do-sistema-nervoso.html
20. Hipertensão, aterosclerose, stress e ácido láctico, Carlos Monteiro, 25 de novembro de 2009, em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2009/11/hipertensao-aterosclerose-stress-e.html
21. Cooper M, Aygen M. Transcendental Meditation in the management of hypercholesterolemia, Journal of Human Stress 1979; 5:24-27
22. Schneider RH, Staggers F, Alexander C, et al. A randomized controlled trial of stress reduction for hypertension in older African Americans. Hypertension 1995; 26: 820-827
23. Alexander C, Schneider RH, Staggers F. A trial of stress reduction for hypertension in older African Americans (part II); sex and risk factor subgroup analysis, Hypertension 1996; 28:228-237
24. Michael C. Dillbeck, David W Orme-Johnson. Physiological differences between meditation and rest. American Psychologist, Vol 42(9), Sep 1987, 879-881
25. The Effects of the Transcendental Meditation Technique on Common Risk Factors and Overall Health. Adapted from Chalmers, R. Scientific Research on Maharishi's Vedic Approach to Health: Part I Transcendental Meditation Introduction and Overview of Research, January 1998, at http://www.tm.cme.edu/article.pdf
Assinar:
Postagens (Atom)