Diferentes estudos de necropsia mostraram que a ocorrência da aterosclerose é mais suave ou não-existente em pessoas com síndrome de Down (1, 2, 3, 4). De fato, um estudo sugeriu que em mulheres com síndrome de Down (SD) pode ser menos provável a manifestação de síndrome de resistência à insulina*, e homens e mulheres com SD podem possuir menos fatores de risco para a aterosclerose do que os grupos de comparação (5).
Confirmando os resultados de que indivíduos com SD possuem menores níveis de aterosclerose um recente estudo examinou a relação entre fatores de risco cardiovascular e espessura da íntima-medial da carótida (IMT), uma medida para a aterosclerose, em 52 adultos com SD. Os adultos com SD possuíam menor IMT, pressão sangüínea sistólica e pressão sangüínea diastólica, do que no grupo de controle. A conclusão do estudo foi de que os adultos com SD podem estar protegidos contra a aterosclerose apesar da elevada gordura corporal e de elevados fatores de risco cardiovasculares (6).
É interessante notar sobre os resultados de alguns estudos demonstrando que em menores graus de IMT, o espessamento parece refletir um estado de equilíbrio no qual os efeitos da pressão e fluxo nas artérias estão em balanço, dando uma relação característica entre a tensão tangencial hemodinâmica (shear stress) e a pressão transmural local (7, 8).
Uma explicação razoável para a reduzida incidência da aterosclerose é a regulação autônoma alterada nos indivíduos com SD, com efeitos de pequenas mudanças na sensibilidade baroreflexa e na resposta de excitação simpática (9, 10, 11). A reduzida resposta do simpático ao estresse é suportada pelos baixos níveis circulantes de catecolaminas em resposta ao exercício incrementado na bicicleta ergométrica em indivíduos com SD (12).
Na teoria da acidez na aterosclerose a predominância do simpático é o primeiro passo e a tensão tangencial hemodinâmica o último passo na cascata de eventos levando ao processo aterogênico (13, 14)
*Nota:
A resistência à insulina pode contribuir para uma aumentada atividade do sistema nervoso simpático (15) e a atividade do SNS pode similarmente aumentar a resistência à insulina (16)
1.Ylä-Herttuala S, Luoma J, Nikkari T, Kivimäki T. Down's syndrome and atherosclerosis. Atherosclerosis. 1989 Apr;76(2-3):269-72.
2.Murdoch JC, Rodger JC, Rao SS, Fletcher CD, Dunnigan MG. Down's syndrome: an atheroma-free model? Br Med J. 1977 Jul 23;2(6081):226-8.
3.Moss TJ, Austin GE. Pre-atherosclerotic lesions in Down syndrome. J Ment Defic Res. 1980 Jun;24(2):137-41.
4.Chaney RH. Neurogenic atherosclerosis in mentally retarded persons. J Ment Defic Res. 1987 Sep;31 ( Pt 3):235-40
5.Draheim CC, McCubbin JA, Williams DP. Differences in cardiovascular disease risk between nondiabetic adults with mental retardation with and without Down syndrome. Am J Ment Retard. 2002 May;107(3):201-11
6.Draheim CC, Geijer JR, Dengel DR. Comparison of intima-media thickness of the carotid artery and cardiovascular disease risk factors in adults with versus without the Down syndrome. Am J Cardiol. 2010 Nov 15;106(10):1512-6
7.Gnasso A, et al. Association Between Intima-Media Thickness and Wall Shear Stress in Common Carotid Arteries in Healthy Male Subjects. Circulation. 1996;94:3257-3262
8.Bots M. L, et al. Increased Common Carotid Intima-Media Thickness. Adaptive Response or a Reflection of Atherosclerosis? Findings From the Rotterdam Study. Stroke. 1997;282442 .
9.Agiovlasitis S, Collier SR, et al. Autonomic response to upright tilt in people with and without Down syndrome. Res Dev Disabil. 2010 May-Jun;31(3):857-63.
10.Iellamo F, Galante A, et al. Altered autonomic cardiac regulation in individuals with Down syndrome. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 2005 Dec;289(6):H2387-91.
11.Bo Fernhall and Mari Otterstetter. Attenuated responses to sympathoexcitation in individuals with Down syndrome. J Appl Physiol 94: 2158–2165, 2003.
12.Eberhard Y, Etarradossi J and Terminarias A. Biochemical changes and catecholamine response in Down’s syndrome adolescents in relation to incremental maximal exercise. J Ment Defic Res 35: 140-146, 1991
13. Predominância do sistema nervoso simpático: o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica. , Carlos Monteiro, 22 de Fevereiro de 2010 em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2010/02/predominancia-do-sistema-nervoso.html
14.Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
15.Pikkujamsa SM, Huikuri HV, Airaksinen KE, Rantala AO, Kauma H, Lilja M, Savolainen MJ, Kesaniemi YA. Heart rate variability and baroreflex sensitivity in hypertensive subjects with and without metabolic features of insulin resistance syndrome. Am J Hypertens 1998;11:523–31
16.Moan A, Nordby G, Rostrup M, Eide I, Kjeldsen SE. Insulin sensitivity, sympathetic activity, and cardiovascular reactivity in young men. Am J Hypertens 1995;8:268–75
“Carlos, sua tese sobre estresse, ambiente ácido e doença arterial coronária é brilhante. Particularmente impressionante é como você relaciona o pH com uma oxidação aumentada no LDL, a qual aumenta o processo da aterogênese”. (declaração realizada no fórum do THINCS em 22 de Junho de 2011 por David Diamond, Ph.D, professor dos Depts de Psicologia, Farmacologia Molecular e Fisiologia, University of South Florida)
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sábado, 17 de dezembro de 2011
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Predominância do Simpático: O vínculo entre a diabetes, a aterosclerose e a doença cardiovascular?
Tem sido reconhecido que a neuropatia autonômica cardíaca aumenta a morbidade e mortalidade na diabetes e pode ter maior força preditiva do que fatores de risco tradicionais para eventos cardiovasculares. Uma significante morbidade e mortalidade podem ser agora atribuídas ao desbalanceamento autônomo entre o sistema nervoso simpático e o parassimpático, de regulação da função cardiovascular (1)
É tambem interessante notar que o lactato no plasma foi fortemente associado com a diabetes tipo 2 em adultos idosos, como demonstrado em recente trabalho (2). O lactato no plasma merece maior atenção em estudos de capacidade oxidativa e de riscos no diabetes, conforme os autores dessa pesquisa.
Ambas as linhas de estudos vêm em favor de nosso ponto de vista(3,4,5)onde a predominância do simpático representa o fator primário na cascata de eventos levando a uma maior produção de ácido láctico que provoca uma aumentada pressão de perfusão e efeitos na contratilidade das artérias coronárias resultando em mudanças na tensão tangencial hemodinâmica e aterosclerose como conseqüência.
Carlos Monteiro
1. Vinik AI, Zieglert D. Autonomic imbalance: prophet of doom or scope for hope? Diabet. Med. 28, 643-651 (2011) Texto gratuito em http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3123705/
2. Stephen O Crawford et al, Association of blood lactate with type 2 diabetes: the Atherosclerosis Risk in Communities Carotid MRI Study. International Journal of Epidemiology 2010;1–9. Texto gratuito em http://ije.oxfordjournals.org/content/early/2010/08/25/ije.dyq126.full.pdf+html
3. Predominância do sistema nervoso simpático: o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica. , Carlos Monteiro, 22 de Fevereiro de 2010 em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2010/02/predominancia-do-sistema-nervoso.html
4. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
5. Associação da anormalidade nos lipídeos com a produção anormal de lactato e a progressão da doença arterial coronária. Carlos Monteiro, 4 de outubro de 2010 em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2010/10/lactato-doenca-arterial-coronaria.html
É tambem interessante notar que o lactato no plasma foi fortemente associado com a diabetes tipo 2 em adultos idosos, como demonstrado em recente trabalho (2). O lactato no plasma merece maior atenção em estudos de capacidade oxidativa e de riscos no diabetes, conforme os autores dessa pesquisa.
Ambas as linhas de estudos vêm em favor de nosso ponto de vista(3,4,5)onde a predominância do simpático representa o fator primário na cascata de eventos levando a uma maior produção de ácido láctico que provoca uma aumentada pressão de perfusão e efeitos na contratilidade das artérias coronárias resultando em mudanças na tensão tangencial hemodinâmica e aterosclerose como conseqüência.
Carlos Monteiro
1. Vinik AI, Zieglert D. Autonomic imbalance: prophet of doom or scope for hope? Diabet. Med. 28, 643-651 (2011) Texto gratuito em http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3123705/
2. Stephen O Crawford et al, Association of blood lactate with type 2 diabetes: the Atherosclerosis Risk in Communities Carotid MRI Study. International Journal of Epidemiology 2010;1–9. Texto gratuito em http://ije.oxfordjournals.org/content/early/2010/08/25/ije.dyq126.full.pdf+html
3. Predominância do sistema nervoso simpático: o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica. , Carlos Monteiro, 22 de Fevereiro de 2010 em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2010/02/predominancia-do-sistema-nervoso.html
4. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
5. Associação da anormalidade nos lipídeos com a produção anormal de lactato e a progressão da doença arterial coronária. Carlos Monteiro, 4 de outubro de 2010 em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2010/10/lactato-doenca-arterial-coronaria.html
sábado, 24 de setembro de 2011
Predominância do Simpático: O vínculo entre a disfunção erétil, a aterosclerose e a doença cardiovascular?
A disfunção erétil (ED) afeta 40% dos homens acima dos 40 anos de idade, em algum grau, e dois terços dos homens acima dos 70 anos têm sintomas significativos de ED.
A associação entre a disfunção erétil e a doença arterial coronária (DAC) foi sugerida anos atrás, através de estudos de observação. Mais recentemente foi descoberto que a disfunção erétil é um marcador precoce da DAC, como o canário na mina de carvão*.
De fato alguns estudos têm demonstrado que a aterosclerose co-ronária é muito mais severa em pacientes com ED vascular, com os autores considerando que a ED pode ser um antecipado sinal de alarme de aterosclerose coronária (1).
Uma recente meta-análise de estudos prospectivos de grupos, envolvendo 36.744 participantes, sugeriu que a ED aumenta significativamente o risco de doença cardiovascular, DAC, acidente vascular cerebral, e mortalidade por todas as causas, e que esse aumento seja provavelmente independente dos fatores de risco convencionais (2)
A ereção é iniciada através do sistema nervoso parassimpático, ativação a qual anula o tom simpático que mantém o pênis em um estado não-erétil (flácido). Esse estado é mantido principalmente através da liberação de noradrenalina dos nervos adrenérgicos do pênis. A noradrenalina contrai a vasculatura e o músculo macio cavernoso. A excitação/ereção está associada com a redução da liberação de noradrenalina no pênis, com a liberação de óxido nítrico (NO), e com a redução no tom do músculo macio do pênis. Conseqüentemente, o óxido nítrico é o mediador da vasodilatação parassimpática na função erétil (3). Então, quando o sistema parassimpático é continuamente desativado existe uma redução na produção de NO.
Estilo de vida e nutrição tem sido cada vez mais reconhecidos como fatores centrais influenciando a produção do óxido nítrico vascular e a função erétil. ED está associada com o fumo, excessiva ingestão de álcool, obesidade abdominal, diabetes, hipertensão e decréscimo de defesa anti-oxidante, todos os quais reduzem a produção de NO (4). Recentes estudos têm discutido sobre os benefícios das intervenções no estilo de vida, com hábitos alimentares mais saudáveis, prática de exercícios e se evitar o fumo no sentido da melhoria da disfunção erétil (5) e também almejando a redução de fatores de risco para a doença arterial coronária (4, 6).
É interessante notar que a ED e a aterosclerose tem muitos fatores de risco em comum como, por exemplo, envelhecimento, inatividade física, dieta inapropriada, estresse psicológico, fumo, hipertensão e diabetes.
Com relação a esse ponto existem diversos estudos mostrando que: a) aumentada atividade simpática e estresse mental podem afetar a função erétil com estudos sugerindo que um elevado tom simpático central pode ser uma das causas da impotência psicogênica (7, 8, 9); b) um estudo sugeriu que drogas agindo no sistema nervoso central que reduzam o fluxo simpático anti-erétil e aumentem o fluxo parassimpático pró-erétil para o pênis, podem restaurar a ereção do pênis em casos de disfunção erétil de origem psicogênica e orgânica (10); c) outro estudo demonstrou que pacientes reclamando de disfunção sexual durante o dia e achados por monitoração da ereção relacionada ao sono de sofrerem de disfunção erétil orgânica, tiveram alterado seu balanceamento autônomo cardíaco durante ambos os estágios do sono (11); d) Um estudo mostrou que homens com disfunção erétil idiopática têm evidência de disfunção endotelial têm resistência dos vasos no antebraço, aumento na pressão do pulso e variabilidade da freqüência cardíaca comprometida. Segundo os autores isso suporta o conceito de que a disfunção erétil é um preditor da disfunção cardiovascular e um precursor da doença cardiovascular (13). e) finalmente, um estudo bastante recente mostrou que pacientes com ED exibiram diferente variabilidade na freqüência cardíaca comparada com o grupo de controle normal. Isso sugeriu aos autores que os pacientes com ED possam ter algum tipo de desbalanceamento no sistema nervoso autônomo (SNA) podendo ser possível que o desbalanceamento geral do SNA seja uma das causas de ED (12).
Levando-se em conta os estudos acima e nossa postulação de que a predominância do simpático seja o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica (13, 14), nós temos de presumir que a predominância do simpático seja realmente o vínculo entre a ED e a doença cardiovascular.
*Enquanto o canário está cantando, está tudo bem. No entanto, um canário morto é um alarme para um problema maior
Referências
1. Chiurlia E et al. Subclinical coronary artery atherosclerosis in patients with erectile dysfunction. J Am Coll Cardiol, 2005; 46:1503-6
2. Dong JY et al. Erectile dysfunction and risk of cardiovascular disease. Meta-analysis of prospective cohort studies. J Am Coll Cardiol, 2011; 58:1378-1385
3. Andersson K, Stief C. Penile erection and cardiac risk: pathophysiologic and pharmacologic mechanisms. Am J Cardiol. 2000 Jul 20;86(2A):23F-26F
4. Meldrum DR et al. The link between erectile and cardiovascular health: the canary in the coal mine. Am J Cardiol. 2011 Aug 15; 108(4): 599-606
5. Horasanli K et al. Do lifestyle changes work for improving erectile dysfunction? Asian J Androl, 2008; 10(1):28-35
6. Gupta PB et al. The effect of lifestyle modification and cardiovascular risk factor reduction on erectile dysfunction: A systematic review and meta-analysis. Arch Intern Med, 2011. Published online September 12.
7. Junemann KP et al. Neurophysiological aspects of penile erection: the role of the sympathetic nervous system. Br J Urol, 1989 Jul;64(1):84-92
8. Pagani M. Hypertension, stress and erectile dysfunction: potential insights from the analysis of heart rate variability. Curr Med Res Opin, 2000; 16 Suppl1:s3-8
9. Diederichs W et al. The sympathetic role as an antagonist of erection. Urol Res. 1991;19(2):123-6
10. Allard J, Giuliano F. Central nervous system agents in the treatment of erectile dysfunction: how do they work? Curr Urol Rep 2001 Dec;2(6):488-94
11. Lavie P et al. Cardiac autonomic function during sleep in psychogenic and organic erectile dysfunction. J Sleep Res. 1999 Jun;8(2):135-42
12. Lee JY et al. Heart rate variability in men with erectile dysfunction. Int Neurourol J 2011;15:87-91. Full free text at http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3138849/pdf/inj-15-87.pdf
13. Stuckey BG, Walsh JP ET al. Erectile dysfunction predicts generalised cardiovascular disease. Evidence from a case control study. Atherosclerosis 2007, 194(2):458-64
14. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
15. Predominância do sistema nervoso simpático: o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica. , Carlos Monteiro, 22 de Fevereiro de 2010 em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2010/02/predominancia-do-sistema-nervoso.html
A associação entre a disfunção erétil e a doença arterial coronária (DAC) foi sugerida anos atrás, através de estudos de observação. Mais recentemente foi descoberto que a disfunção erétil é um marcador precoce da DAC, como o canário na mina de carvão*.
De fato alguns estudos têm demonstrado que a aterosclerose co-ronária é muito mais severa em pacientes com ED vascular, com os autores considerando que a ED pode ser um antecipado sinal de alarme de aterosclerose coronária (1).
Uma recente meta-análise de estudos prospectivos de grupos, envolvendo 36.744 participantes, sugeriu que a ED aumenta significativamente o risco de doença cardiovascular, DAC, acidente vascular cerebral, e mortalidade por todas as causas, e que esse aumento seja provavelmente independente dos fatores de risco convencionais (2)
A ereção é iniciada através do sistema nervoso parassimpático, ativação a qual anula o tom simpático que mantém o pênis em um estado não-erétil (flácido). Esse estado é mantido principalmente através da liberação de noradrenalina dos nervos adrenérgicos do pênis. A noradrenalina contrai a vasculatura e o músculo macio cavernoso. A excitação/ereção está associada com a redução da liberação de noradrenalina no pênis, com a liberação de óxido nítrico (NO), e com a redução no tom do músculo macio do pênis. Conseqüentemente, o óxido nítrico é o mediador da vasodilatação parassimpática na função erétil (3). Então, quando o sistema parassimpático é continuamente desativado existe uma redução na produção de NO.
Estilo de vida e nutrição tem sido cada vez mais reconhecidos como fatores centrais influenciando a produção do óxido nítrico vascular e a função erétil. ED está associada com o fumo, excessiva ingestão de álcool, obesidade abdominal, diabetes, hipertensão e decréscimo de defesa anti-oxidante, todos os quais reduzem a produção de NO (4). Recentes estudos têm discutido sobre os benefícios das intervenções no estilo de vida, com hábitos alimentares mais saudáveis, prática de exercícios e se evitar o fumo no sentido da melhoria da disfunção erétil (5) e também almejando a redução de fatores de risco para a doença arterial coronária (4, 6).
É interessante notar que a ED e a aterosclerose tem muitos fatores de risco em comum como, por exemplo, envelhecimento, inatividade física, dieta inapropriada, estresse psicológico, fumo, hipertensão e diabetes.
Com relação a esse ponto existem diversos estudos mostrando que: a) aumentada atividade simpática e estresse mental podem afetar a função erétil com estudos sugerindo que um elevado tom simpático central pode ser uma das causas da impotência psicogênica (7, 8, 9); b) um estudo sugeriu que drogas agindo no sistema nervoso central que reduzam o fluxo simpático anti-erétil e aumentem o fluxo parassimpático pró-erétil para o pênis, podem restaurar a ereção do pênis em casos de disfunção erétil de origem psicogênica e orgânica (10); c) outro estudo demonstrou que pacientes reclamando de disfunção sexual durante o dia e achados por monitoração da ereção relacionada ao sono de sofrerem de disfunção erétil orgânica, tiveram alterado seu balanceamento autônomo cardíaco durante ambos os estágios do sono (11); d) Um estudo mostrou que homens com disfunção erétil idiopática têm evidência de disfunção endotelial têm resistência dos vasos no antebraço, aumento na pressão do pulso e variabilidade da freqüência cardíaca comprometida. Segundo os autores isso suporta o conceito de que a disfunção erétil é um preditor da disfunção cardiovascular e um precursor da doença cardiovascular (13). e) finalmente, um estudo bastante recente mostrou que pacientes com ED exibiram diferente variabilidade na freqüência cardíaca comparada com o grupo de controle normal. Isso sugeriu aos autores que os pacientes com ED possam ter algum tipo de desbalanceamento no sistema nervoso autônomo (SNA) podendo ser possível que o desbalanceamento geral do SNA seja uma das causas de ED (12).
Levando-se em conta os estudos acima e nossa postulação de que a predominância do simpático seja o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica (13, 14), nós temos de presumir que a predominância do simpático seja realmente o vínculo entre a ED e a doença cardiovascular.
*Enquanto o canário está cantando, está tudo bem. No entanto, um canário morto é um alarme para um problema maior
Referências
1. Chiurlia E et al. Subclinical coronary artery atherosclerosis in patients with erectile dysfunction. J Am Coll Cardiol, 2005; 46:1503-6
2. Dong JY et al. Erectile dysfunction and risk of cardiovascular disease. Meta-analysis of prospective cohort studies. J Am Coll Cardiol, 2011; 58:1378-1385
3. Andersson K, Stief C. Penile erection and cardiac risk: pathophysiologic and pharmacologic mechanisms. Am J Cardiol. 2000 Jul 20;86(2A):23F-26F
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5. Horasanli K et al. Do lifestyle changes work for improving erectile dysfunction? Asian J Androl, 2008; 10(1):28-35
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7. Junemann KP et al. Neurophysiological aspects of penile erection: the role of the sympathetic nervous system. Br J Urol, 1989 Jul;64(1):84-92
8. Pagani M. Hypertension, stress and erectile dysfunction: potential insights from the analysis of heart rate variability. Curr Med Res Opin, 2000; 16 Suppl1:s3-8
9. Diederichs W et al. The sympathetic role as an antagonist of erection. Urol Res. 1991;19(2):123-6
10. Allard J, Giuliano F. Central nervous system agents in the treatment of erectile dysfunction: how do they work? Curr Urol Rep 2001 Dec;2(6):488-94
11. Lavie P et al. Cardiac autonomic function during sleep in psychogenic and organic erectile dysfunction. J Sleep Res. 1999 Jun;8(2):135-42
12. Lee JY et al. Heart rate variability in men with erectile dysfunction. Int Neurourol J 2011;15:87-91. Full free text at http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3138849/pdf/inj-15-87.pdf
13. Stuckey BG, Walsh JP ET al. Erectile dysfunction predicts generalised cardiovascular disease. Evidence from a case control study. Atherosclerosis 2007, 194(2):458-64
14. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
15. Predominância do sistema nervoso simpático: o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica. , Carlos Monteiro, 22 de Fevereiro de 2010 em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2010/02/predominancia-do-sistema-nervoso.html
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
O impacto positivo do humor e negativo do estresse sobre a função vascular
O estresse crônico é correlacionado com aumentos do cortisol e catecolaminas, hormônios do estresse. Existe uma forte evidência científica vinculando estados emocionais negativos como a depressão, ansiedade ou raiva, com um risco aumentado na doença cardiovascular. Porém, muito menos é conhecido sobre a associação entre estados emocionais positivos, o tão chamado eustresse, como o riso e a felicidade. O mais agradável de todos os tipos de riso está associado com o humor e é especificado como riso jovial.
A esse respeito existem alguns estudos feitos pelo Dr. Berk e colegas, da Universidade de Loma Linda, demonstrando que em comparação com estresse crônico o riso jovial reduziu os níveis de cortisol em 39%; adrenalina em 70% e dopac em 38%. A conclusão em um desses trabalhos foi de que o humor parece atenuar as catecolaminas e a recorrência do infarto do miocárdio (IM) e conseqüentemente pode ser um efetivo adjuvante no cuidado pós-infarto (1, 2, 3).
De outro lado o Dr. Michael Miller, da Universidade de Maryland, apresentou um estudo junto ao Congresso da Sociedade Européia de Cardiologia, realizado em 2011 (4), o qual enfatizou o vínculo entre a função endotelial e o riso. Seu estudo mostrou que quando as pessoas riem seus principais vasos sangüíneos se dilatam permitindo um fluxo sangüíneo mais fácil, o que indica um reduzido risco de eventos cardíacos.
A idéia do Dr. Miller de estudar emoções positivas como, por exemplo, o riso, aconteceu a partir de estudos que mostraram que o estresse mental leva os vasos sangüíneos a se contraírem. Seu primeiro estudo sobre senso de humor e doença arterial coronária foi publicado em 2001 (5). Em outro trabalho, publicado em 2009 (6), falou sobre os testes feitos para confirmar a hipótese de que o riso jovial também afeta favoravelmente a vasodilatação fluxo-mediada do endotélio dependente (FMD). Dessa forma, os voluntários foram randomizados para duas diferentes fases em um estudo cruzado randomizado. Uma fase incluiu assistir um filme ou segmento de comédias populares (ex: Saturday Night Live) enquanto a segunda fase foi a de se assistir um filme conhecido por promover o estresse mental (ex: O segmento de abertura do “Resgate do Soldado Ryan”). A avaliação da vasoreatividade do endotélio dependente foi realizada através do uso de ultra-som de alta resolução da artéria braquial, também referida como teste de reatividade da artéria braquial (BART). Um total de 160 medidas BART foi realizado o que demonstrou um efeito divergente após se assistir um filme que provocou estresse mental comparativamente com o riso jovial. Especificamente, uma redução de 35% no FMD comparada com a linha base seguiu o estresse mental enquanto ocorreu um aumento de 22% no FMD em resposta ao riso (7). Em 2008 o Dr. Miller e seus colegas, em uma apresentação oral intitulada “Emoções positivas e o endotélio: A música alegre melhora a saúde vascular?”, feita durante as seções científicas acontecidas na Associação Ame-ricana do Coração, concluíram que os benefícios cardiovasculares da música são similares aqueles encontrados nos estudos prévios quanto ao riso jovial (8)
Em 2010 o Dr. Sugawara e seus colegas confirmaram os achados do Dr. Miller dizendo que seus resultados sugeriram que o riso jovial provocado por filmes cômicos induz a um impacto positivo sobre a função vascular (9).
Novamente, em apresentação feita pelo Dr. Miller no ESC, 2011 (4), ele informou que os voluntários assistiram segmentos de um filme cômico em um dia, tal como “Quem vai ficar com Mary” e no outro assistiram ao segmento de abertura do “Resgate do Sol-dado Ryan”). Quando os voluntários do estudo assistiram ao es-tressante filme, seu endotélio desenvolveu uma resposta potenci-almente não saudável chamada de vaso-constrição, reduzindo o fluxo sangüíneo. De uma forma geral, nesse tempo, mais do que 300 medidas foram feitas com uma diferença de 30-50% no diâmetro do vaso sangüíneo entre as fases do riso e do estresse mental (4).
Nós pensamos que os estudos acima dão uma evidência adicional para nossa teoria da acidez na aterosclerose (10), que tem a seguinte seqüência de eventos:
I. Dominância simpática por estresse contínuo mais
II. Deficiência na produção de componentes endógenos do tipo digital (digitalis-like compounds – DLCs) com alterações na atividade da Na(+), K(+)-ATPase resultando em:
III. Redução no pH (acidez) o que aumenta a pressão de perfusão e provoca efeitos na contratilidade das artérias coronárias levando a mudanças na tensão tangencial hemodinâmica e aterosclerose como conseqüência.
Carlos Monteiro
1. Berk LS, Tan SA and Berk B. Cortisol and cathecolamine stress hormone drecrease is associated with the behavior of perceptual anticipation of mirthful laughter. The FASEB Journal. 2008; 22;946.11
2. Tans SA, Berk LS et al. Humor as an adjunct therapy in cardiac rehabilitation, attenuates cathecolamines and myocardial infarction recurrence. Adv Mind Body Med 2007; 22(3-4): 8-12
3. Berk LS et al. The neuroendocrine and stress hormone changes during mirthful laughter. Am J Med Sci 1989;6:390-396
4. Miller M. Laughter and vascular function, ESC 2011.
5. Clark A, Seidler A, Miller M. Inverse association between sense of humor and coronary heart disease. Int J Cardiol. 2001 Aug; 80(1):87-8
6. Miller M, Fry WF. The effect of mirthful laughter on the human cardiovascular system. Med. Hypothesis 2009; 73(5):636 . Full free text at http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2814549/pdf/nihms-154943.pdf
7. Miller M, Mangano C, Park Y, et al. Impact of cinematic viewing on endothelial function. Heart 2006; 92:261-262
8. Miller M, Beach V, Mangano C, Vogel RA. Positive emotions and the endothelium: Does joyful music improve vascular health? American Association Scientific Sessions, on 11/11/2008
9. Sugawara et al. Effect of mirthful laughter on vascular function. Am J Cardiol 106:856-9 (2010).
10. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
A esse respeito existem alguns estudos feitos pelo Dr. Berk e colegas, da Universidade de Loma Linda, demonstrando que em comparação com estresse crônico o riso jovial reduziu os níveis de cortisol em 39%; adrenalina em 70% e dopac em 38%. A conclusão em um desses trabalhos foi de que o humor parece atenuar as catecolaminas e a recorrência do infarto do miocárdio (IM) e conseqüentemente pode ser um efetivo adjuvante no cuidado pós-infarto (1, 2, 3).
De outro lado o Dr. Michael Miller, da Universidade de Maryland, apresentou um estudo junto ao Congresso da Sociedade Européia de Cardiologia, realizado em 2011 (4), o qual enfatizou o vínculo entre a função endotelial e o riso. Seu estudo mostrou que quando as pessoas riem seus principais vasos sangüíneos se dilatam permitindo um fluxo sangüíneo mais fácil, o que indica um reduzido risco de eventos cardíacos.
A idéia do Dr. Miller de estudar emoções positivas como, por exemplo, o riso, aconteceu a partir de estudos que mostraram que o estresse mental leva os vasos sangüíneos a se contraírem. Seu primeiro estudo sobre senso de humor e doença arterial coronária foi publicado em 2001 (5). Em outro trabalho, publicado em 2009 (6), falou sobre os testes feitos para confirmar a hipótese de que o riso jovial também afeta favoravelmente a vasodilatação fluxo-mediada do endotélio dependente (FMD). Dessa forma, os voluntários foram randomizados para duas diferentes fases em um estudo cruzado randomizado. Uma fase incluiu assistir um filme ou segmento de comédias populares (ex: Saturday Night Live) enquanto a segunda fase foi a de se assistir um filme conhecido por promover o estresse mental (ex: O segmento de abertura do “Resgate do Soldado Ryan”). A avaliação da vasoreatividade do endotélio dependente foi realizada através do uso de ultra-som de alta resolução da artéria braquial, também referida como teste de reatividade da artéria braquial (BART). Um total de 160 medidas BART foi realizado o que demonstrou um efeito divergente após se assistir um filme que provocou estresse mental comparativamente com o riso jovial. Especificamente, uma redução de 35% no FMD comparada com a linha base seguiu o estresse mental enquanto ocorreu um aumento de 22% no FMD em resposta ao riso (7). Em 2008 o Dr. Miller e seus colegas, em uma apresentação oral intitulada “Emoções positivas e o endotélio: A música alegre melhora a saúde vascular?”, feita durante as seções científicas acontecidas na Associação Ame-ricana do Coração, concluíram que os benefícios cardiovasculares da música são similares aqueles encontrados nos estudos prévios quanto ao riso jovial (8)
Em 2010 o Dr. Sugawara e seus colegas confirmaram os achados do Dr. Miller dizendo que seus resultados sugeriram que o riso jovial provocado por filmes cômicos induz a um impacto positivo sobre a função vascular (9).
Novamente, em apresentação feita pelo Dr. Miller no ESC, 2011 (4), ele informou que os voluntários assistiram segmentos de um filme cômico em um dia, tal como “Quem vai ficar com Mary” e no outro assistiram ao segmento de abertura do “Resgate do Sol-dado Ryan”). Quando os voluntários do estudo assistiram ao es-tressante filme, seu endotélio desenvolveu uma resposta potenci-almente não saudável chamada de vaso-constrição, reduzindo o fluxo sangüíneo. De uma forma geral, nesse tempo, mais do que 300 medidas foram feitas com uma diferença de 30-50% no diâmetro do vaso sangüíneo entre as fases do riso e do estresse mental (4).
Nós pensamos que os estudos acima dão uma evidência adicional para nossa teoria da acidez na aterosclerose (10), que tem a seguinte seqüência de eventos:
I. Dominância simpática por estresse contínuo mais
II. Deficiência na produção de componentes endógenos do tipo digital (digitalis-like compounds – DLCs) com alterações na atividade da Na(+), K(+)-ATPase resultando em:
III. Redução no pH (acidez) o que aumenta a pressão de perfusão e provoca efeitos na contratilidade das artérias coronárias levando a mudanças na tensão tangencial hemodinâmica e aterosclerose como conseqüência.
Carlos Monteiro
1. Berk LS, Tan SA and Berk B. Cortisol and cathecolamine stress hormone drecrease is associated with the behavior of perceptual anticipation of mirthful laughter. The FASEB Journal. 2008; 22;946.11
2. Tans SA, Berk LS et al. Humor as an adjunct therapy in cardiac rehabilitation, attenuates cathecolamines and myocardial infarction recurrence. Adv Mind Body Med 2007; 22(3-4): 8-12
3. Berk LS et al. The neuroendocrine and stress hormone changes during mirthful laughter. Am J Med Sci 1989;6:390-396
4. Miller M. Laughter and vascular function, ESC 2011.
5. Clark A, Seidler A, Miller M. Inverse association between sense of humor and coronary heart disease. Int J Cardiol. 2001 Aug; 80(1):87-8
6. Miller M, Fry WF. The effect of mirthful laughter on the human cardiovascular system. Med. Hypothesis 2009; 73(5):636 . Full free text at http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2814549/pdf/nihms-154943.pdf
7. Miller M, Mangano C, Park Y, et al. Impact of cinematic viewing on endothelial function. Heart 2006; 92:261-262
8. Miller M, Beach V, Mangano C, Vogel RA. Positive emotions and the endothelium: Does joyful music improve vascular health? American Association Scientific Sessions, on 11/11/2008
9. Sugawara et al. Effect of mirthful laughter on vascular function. Am J Cardiol 106:856-9 (2010).
10. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
É o colesterol LDL claramente e de forma inequívoca um fator de risco causal para o infarto do miocárdio?
Tenho o prazer de compartilhar o seguinte ponto de vista do Dr. David Diamond*, cientista, pesquisador e professor da University of South Florida - e nosso colega no THINCs – a respeito da lipoproteína de baixa densidade (LDL) e de sua relação com a incidência do infarto do miocárdio:
"Se fosse assim tão simples então a redução do LDL, por qualquer meio, reduziria e até eliminaria a ocorrência do infarto do miocárdio (IM), permitindo que as pessoas vivessem mais. No entanto, os níveis séricos de colesterol foram reduzidos através de tratamentos muito antes das estatinas serem desenvolvidas, primeiro com óleo de milho, e depois com a cirurgia gastrointestinal e colestiramina e depois com as estatinas, incluindo Baycol e torcetrapib, que reduziu o LDL e até mesmo aumentou a lipoproteina de alta densidade (HDL). Baycol e torcetrapib foram muito eficazes como agentes redutores do LDL, mas também foram muito eficazes em matar pessoas, razão pela qual eles não estão mais no mercado. Assim, diminuir os níveis de LDL, por si só, não é suficiente para reduzir a incidência do infarto do miocárdio e permitir que alguém sobreviva ao tratamento.
A pergunta deveria ser, porque níveis elevados de LDL estão associados ao IM? A resposta é que o LDL não é o "mau colesterol", que prejudicaria as paredes dos vasos sanguíneos e "obstruiria as artérias", como os anúncios das companhias farmacêuticas incorretamente colocam. Parte do problema é que o LDL se torna glicado pela glicose, o que distorce suficientemente a lipoproteína de forma que ela não pode se ligar ao receptor LDL. A molécula de LDL glicada então se acumula no sangue e se torna oxidada. É a LDL oxidada que contribui para a deterioração da parede do vaso sanguíneo, e não o LDL (normal) nativo. Como você impedir o açúcar de glicar o LDL? Mantendo o açúcar baixo no sangue através de exercícios e uma dieta baixa em carboidratos - 2 estratégias bastante simples, que nunca foram comparadas cabeça-a-cabeça com as estatinas, em ensaios clínicos para reduzir a doença coronária arterial, talvez porque os resultados seriam desinteressantes para as empresas farmacêuticas que patrocinam esse tipo de pesquisa.
A outra maneira de olhar para o LDL e IM é que, quando o LDL torna-se oxidado e glicado ele torna-se ineficaz em fazer o que supostamente deveria fazer, que é matar as bactérias (sim, LDL é uma parte do sistema imunológico) e construir novas células. Em resposta à crescente concentração de LDL oxidado (ineficaz), o fígado produz mais LDL, aumentando assim a concentração de LDL no soro total. Este é real motivo porque os níveis totais de LDL podem estar correlacionados com a incidência do infarto do miocárdio, mas na verdade é a sinergia entre as dietas altas de açúcar e LDL oxidado (e pressão arterial elevada), que causa danos às paredes arteriais.
Então, não é que o LDL seja inerentemente aterogênico. A molécula de LDL é uma parte essencial de ótima saúde, servindo para trabalhar com glóbulos brancos para matar agentes patogênicos e para reconstruir tecidos danificados. É a oxidação do LDL que, precipitado pelo estresse, tabagismo, falta de exercício e uma dieta rica em açúcar, que é aterogênico. A literatura sobre esse assunto é vasta, sendo que cito no final deste pequeno artigo alguns trabalhos que mostram que os níveis de LDL oxidado são muito melhores indicadores de doença coronária arterial do que o LDL nativo (1, 2, 3).
Eu fiz uma revisão de apenas uma pequena parte dos milhares de artigos médicos e dezenas de livros que li sobre este assunto. Com base na minha leitura, e as conclusões dos peritos nesse campo, há boas razões para ser cético sobre as reivindicações que as estatinas têm melhorado a saúde cardíaca, na ausência de efeitos colaterais significativos. Na minha recente palestra** eu revi evidências devidamente comprovadas, publicadas em revistas médicas altamente respeitadas, de extensos efeitos colaterais adversos das estatinas diferente do que é geralmente relatado nos trabalhos de pesquisa patrocinados pelas companhia farmacêuticas. Para uma redução relativamente pequena de eventos cardíacos na população tratada, o custo das estatinas tanto no sentido financeiro quanto em termos de melhoria insuficiente na saúde geral e sobrevida não tem justificativa."
* David Diamond, Ph.D, é professor do Depts de Psicologia e Farmacologia Molecular e Fisiologia, Centro de Pesquisa pré-clínica e clínica em PTSD. Diretor, USF Neuroscience Collaborative, 4202 E. Fowler Ave (PCD 4118G), Tampa, FL 33620. Sua homepage é http://psychology.usf.edu/faculty/diamond/
** O artigo que resume a sua palestra e inclui o vídeo on-line está em http://www.cas.usf.edu/news/s/176/
Referências:
1. Margareta Kristenson, Bo Ziedén, et al. Antioxidant state and mortality from coronary heart disease in Lithuanian and Swedish men: concomitant cross sectional study of men aged 50. BMJ 1997;314:629–33
2. Christa Meisinger, Jens Baumert, et al. Plasma Oxidized Low-Density Lipoprotein, a Strong Predictor for Acute Coronary Heart Disease Events in Apparently Healthy, Middle-Aged Men From the General Population. Circulation 2005;112;651-657
3. Huiling Huang, Weiyi Mai, Dan Liu, et al. The oxidation ratio of LDL: A predictor for coronary artery disease. Disease Markers 24 (2008) 341–349
"Se fosse assim tão simples então a redução do LDL, por qualquer meio, reduziria e até eliminaria a ocorrência do infarto do miocárdio (IM), permitindo que as pessoas vivessem mais. No entanto, os níveis séricos de colesterol foram reduzidos através de tratamentos muito antes das estatinas serem desenvolvidas, primeiro com óleo de milho, e depois com a cirurgia gastrointestinal e colestiramina e depois com as estatinas, incluindo Baycol e torcetrapib, que reduziu o LDL e até mesmo aumentou a lipoproteina de alta densidade (HDL). Baycol e torcetrapib foram muito eficazes como agentes redutores do LDL, mas também foram muito eficazes em matar pessoas, razão pela qual eles não estão mais no mercado. Assim, diminuir os níveis de LDL, por si só, não é suficiente para reduzir a incidência do infarto do miocárdio e permitir que alguém sobreviva ao tratamento.
A pergunta deveria ser, porque níveis elevados de LDL estão associados ao IM? A resposta é que o LDL não é o "mau colesterol", que prejudicaria as paredes dos vasos sanguíneos e "obstruiria as artérias", como os anúncios das companhias farmacêuticas incorretamente colocam. Parte do problema é que o LDL se torna glicado pela glicose, o que distorce suficientemente a lipoproteína de forma que ela não pode se ligar ao receptor LDL. A molécula de LDL glicada então se acumula no sangue e se torna oxidada. É a LDL oxidada que contribui para a deterioração da parede do vaso sanguíneo, e não o LDL (normal) nativo. Como você impedir o açúcar de glicar o LDL? Mantendo o açúcar baixo no sangue através de exercícios e uma dieta baixa em carboidratos - 2 estratégias bastante simples, que nunca foram comparadas cabeça-a-cabeça com as estatinas, em ensaios clínicos para reduzir a doença coronária arterial, talvez porque os resultados seriam desinteressantes para as empresas farmacêuticas que patrocinam esse tipo de pesquisa.
A outra maneira de olhar para o LDL e IM é que, quando o LDL torna-se oxidado e glicado ele torna-se ineficaz em fazer o que supostamente deveria fazer, que é matar as bactérias (sim, LDL é uma parte do sistema imunológico) e construir novas células. Em resposta à crescente concentração de LDL oxidado (ineficaz), o fígado produz mais LDL, aumentando assim a concentração de LDL no soro total. Este é real motivo porque os níveis totais de LDL podem estar correlacionados com a incidência do infarto do miocárdio, mas na verdade é a sinergia entre as dietas altas de açúcar e LDL oxidado (e pressão arterial elevada), que causa danos às paredes arteriais.
Então, não é que o LDL seja inerentemente aterogênico. A molécula de LDL é uma parte essencial de ótima saúde, servindo para trabalhar com glóbulos brancos para matar agentes patogênicos e para reconstruir tecidos danificados. É a oxidação do LDL que, precipitado pelo estresse, tabagismo, falta de exercício e uma dieta rica em açúcar, que é aterogênico. A literatura sobre esse assunto é vasta, sendo que cito no final deste pequeno artigo alguns trabalhos que mostram que os níveis de LDL oxidado são muito melhores indicadores de doença coronária arterial do que o LDL nativo (1, 2, 3).
Eu fiz uma revisão de apenas uma pequena parte dos milhares de artigos médicos e dezenas de livros que li sobre este assunto. Com base na minha leitura, e as conclusões dos peritos nesse campo, há boas razões para ser cético sobre as reivindicações que as estatinas têm melhorado a saúde cardíaca, na ausência de efeitos colaterais significativos. Na minha recente palestra** eu revi evidências devidamente comprovadas, publicadas em revistas médicas altamente respeitadas, de extensos efeitos colaterais adversos das estatinas diferente do que é geralmente relatado nos trabalhos de pesquisa patrocinados pelas companhia farmacêuticas. Para uma redução relativamente pequena de eventos cardíacos na população tratada, o custo das estatinas tanto no sentido financeiro quanto em termos de melhoria insuficiente na saúde geral e sobrevida não tem justificativa."
* David Diamond, Ph.D, é professor do Depts de Psicologia e Farmacologia Molecular e Fisiologia, Centro de Pesquisa pré-clínica e clínica em PTSD. Diretor, USF Neuroscience Collaborative, 4202 E. Fowler Ave (PCD 4118G), Tampa, FL 33620. Sua homepage é http://psychology.usf.edu/faculty/diamond/
** O artigo que resume a sua palestra e inclui o vídeo on-line está em http://www.cas.usf.edu/news/s/176/
Referências:
1. Margareta Kristenson, Bo Ziedén, et al. Antioxidant state and mortality from coronary heart disease in Lithuanian and Swedish men: concomitant cross sectional study of men aged 50. BMJ 1997;314:629–33
2. Christa Meisinger, Jens Baumert, et al. Plasma Oxidized Low-Density Lipoprotein, a Strong Predictor for Acute Coronary Heart Disease Events in Apparently Healthy, Middle-Aged Men From the General Population. Circulation 2005;112;651-657
3. Huiling Huang, Weiyi Mai, Dan Liu, et al. The oxidation ratio of LDL: A predictor for coronary artery disease. Disease Markers 24 (2008) 341–349
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Tensão tangencial hemodinâmica, calcificação e aterosclerose
A calcificação na aterosclerose ocorre nos locais de placas ateroscleróticas onde existe uma combinação de necrose celular, infla-mação e deposição de colesterol.
A calcificação ectópica vascular era vista até recentemente como uma passiva conseqüência da idade. Embora seja reconhecido que a calcificação ectópica vascular represente uma conseqüência de um processo desregulado, a etiologia molecular especifica permanece obscura. Existem idéias conflitantes a respeito dos mecanismos subjacentes a calcificação cardiovascular, e a importância patológica e de prognóstico continuam uma matéria de discussão (1).
A osteoporose, que está associada com a deficiência de cálcio, tem sido também associada em muitos estudos com a aterosclerose, com achados de que a densidade mineral dos ossos declina enquanto a placa aterosclerótica aumenta. Nós discutimos sobre esse assunto durante o ano passado advogando a acidose como o vínculo entre essas duas doenças (2).
A calcificação coronária arterial (CAC) medida por tomografia computadorizada (CT scans) tem sido considerada como uma confirmação radiográfica da aterosclerose, predizendo eventos cardiovasculares, e avaliados como uma medida substituta nos testes randomizados. Todavia, em um estudo publicado em 2009 a taxa anual de CAC medida em 10 ensaios se observou uma taxa de 17% a qual foi vista como moderada para pacientes com doença renal crônica e aqueles recebendo diálise. Esse estudo não observou consistência ou efeito reprodutível de qualquer terapia nesses resultados. Os dados sugeriram aos autores que a CAC talvez não seja um alvo substituto adequado para os ensaios de tratamento em pacientes com doença cardiovascular ou renal quando medido após 12 meses ou relatado em bases anuais (3).
Não obstante, um estudo bastante recente pelo MESA (Multi Ethnic Study of Atherosclerosis) mostrou que mesmo em pacientes saudáveis com lipoproteina de baixa densidade no colesterol (LDL-C) há uma associação com efeitos adversos na doença coronária se o CT scan demonstra um acúmulo de cálcio nas suas artérias coronárias. De 5.627 participantes os quais não estavam recebendo qualquer terapia de redução de lipídeos na linha de base 3.714 (66%) tiveram um LDL-C 130mg/dl. Entre as pessoas com um baixo LDC-C, idade mais avançada, sexo masculino, hipertensão, diabetes e baixa lipoproteína de alta densidade (HDL-C) foram associadas com eventos adversos (4).
É interessante notar que um aumentado conteúdo de cálcio nas dietas suplementadas com colesterol houve um decréscimo na aterosclerose em coelhos. Também, alguns estudos epidemiológicos sugeriram que altos níveis de cálcio na água potável podem decrescer a aterosclerose (5).
Tensão tangencial hemodinâmica e calcificação
Um recente estudo desenvolvido na Suiça, tendo como alvo investigar a morfologia regional da placa e usando ultra-som intravascular e histologia virtual nas bifurcações da artéria coronária, achou que segmentos na parede contralateral da bifurcação a qual foi previamente identificada como regiões com baixa tensão tangencial, não somente exibiram uma alta carga na placa, mas também um maior grau de calcificação (6). Um relacionamento análogo foi sugerido em estudos prévios indicando que forças mecânicas têm um papel na calcificação da válvula aórtica. Já que o depósito de cálcio ocorre quase exclusivamente nas superfícies dos folhetos da válvula aórtica foi colocada a hipótese de que os padrões adversos dos fluidos da tensão tangencial na superfície aórtica dos folhetos AV promovem calcificação (7,8,9)
Na teoria da acidez na aterosclerose a tensão tangencial hemodinâmica é um importante passo no processo levando a aterogênese (10).
Carlos Monteiro
1. Johnson RC, Leopold JA and Loscalzo J. Vascular calcification: Pathological mechanisms and clinical implications. Circulation Research 2006; 99: 1044 -1059. Full free text at http://circres.ahajournals.org/content/99/10/1044.full
2. Acidez: O vínculo entre a aterosclerose e a osteoporose. 5 de janeiro de 2010 em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2010/01/acidez-o-vinculo-entre-aterosclerose-e.html
3. McCullow PA and Chinnayan KM. Annual progression of coronary calcification in trials of preventive therapies: A systematic review. Arch Intern Med 2009, 169 (22):2064-70. Full free text at http://archinte.ama-assn.org/cgi/reprint/169/22/2064
4. Blankstein R, Budoff MJ, Shaw LJ et al. Predictors of coronary heart disease events among asymptomatic persons with low low-density lipoprotein cholesterol. J Am Coll Cardiol, 2011;58:364-374
5. HSU HH and Culley NC. Effects of dietary calcium on atherosclerosis, aortic calcification, and icterus in rabbits fed a supplemental cholesterol diet. Lipids in Health and Disease 2006, 5.16. Full free text http://www.lipidworld.com/content/5/1/16
6. Toggweiler S, Urbanek N, Schoenenberger AW, Erne P. Atherosclerosis, 2010 Oct;212(2):524-7
7. Hoehn D, Sun L and Sucosky P. Role of pathologic shear stress alterations in aortic valve endothelial activation. Cardiovascular Engineering and Technology 2010, V1;N2: 165-178. Full free text at http://www.springerlink.com/content/f777qk521lr48237/
8. Ge L, Sotiropoulos F. Direction and magnitude of blood flow shear stresses on the leaflets of aortic valves: is there a link with valve calcification? J Biomech Eng 2010 Jan;132(1): 014505
9. Yap CH, Saikrishnan N, Tamilselvan G and Yoganathan AP. Experimental measurement of dynamic fluid shear stress on the aortic surface of the aortic valve of the aortic valve leaflet. Biomech Model Mechanobiol, 2011 Mar 18
10. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
A calcificação ectópica vascular era vista até recentemente como uma passiva conseqüência da idade. Embora seja reconhecido que a calcificação ectópica vascular represente uma conseqüência de um processo desregulado, a etiologia molecular especifica permanece obscura. Existem idéias conflitantes a respeito dos mecanismos subjacentes a calcificação cardiovascular, e a importância patológica e de prognóstico continuam uma matéria de discussão (1).
A osteoporose, que está associada com a deficiência de cálcio, tem sido também associada em muitos estudos com a aterosclerose, com achados de que a densidade mineral dos ossos declina enquanto a placa aterosclerótica aumenta. Nós discutimos sobre esse assunto durante o ano passado advogando a acidose como o vínculo entre essas duas doenças (2).
A calcificação coronária arterial (CAC) medida por tomografia computadorizada (CT scans) tem sido considerada como uma confirmação radiográfica da aterosclerose, predizendo eventos cardiovasculares, e avaliados como uma medida substituta nos testes randomizados. Todavia, em um estudo publicado em 2009 a taxa anual de CAC medida em 10 ensaios se observou uma taxa de 17% a qual foi vista como moderada para pacientes com doença renal crônica e aqueles recebendo diálise. Esse estudo não observou consistência ou efeito reprodutível de qualquer terapia nesses resultados. Os dados sugeriram aos autores que a CAC talvez não seja um alvo substituto adequado para os ensaios de tratamento em pacientes com doença cardiovascular ou renal quando medido após 12 meses ou relatado em bases anuais (3).
Não obstante, um estudo bastante recente pelo MESA (Multi Ethnic Study of Atherosclerosis) mostrou que mesmo em pacientes saudáveis com lipoproteina de baixa densidade no colesterol (LDL-C) há uma associação com efeitos adversos na doença coronária se o CT scan demonstra um acúmulo de cálcio nas suas artérias coronárias. De 5.627 participantes os quais não estavam recebendo qualquer terapia de redução de lipídeos na linha de base 3.714 (66%) tiveram um LDL-C 130mg/dl. Entre as pessoas com um baixo LDC-C, idade mais avançada, sexo masculino, hipertensão, diabetes e baixa lipoproteína de alta densidade (HDL-C) foram associadas com eventos adversos (4).
É interessante notar que um aumentado conteúdo de cálcio nas dietas suplementadas com colesterol houve um decréscimo na aterosclerose em coelhos. Também, alguns estudos epidemiológicos sugeriram que altos níveis de cálcio na água potável podem decrescer a aterosclerose (5).
Tensão tangencial hemodinâmica e calcificação
Um recente estudo desenvolvido na Suiça, tendo como alvo investigar a morfologia regional da placa e usando ultra-som intravascular e histologia virtual nas bifurcações da artéria coronária, achou que segmentos na parede contralateral da bifurcação a qual foi previamente identificada como regiões com baixa tensão tangencial, não somente exibiram uma alta carga na placa, mas também um maior grau de calcificação (6). Um relacionamento análogo foi sugerido em estudos prévios indicando que forças mecânicas têm um papel na calcificação da válvula aórtica. Já que o depósito de cálcio ocorre quase exclusivamente nas superfícies dos folhetos da válvula aórtica foi colocada a hipótese de que os padrões adversos dos fluidos da tensão tangencial na superfície aórtica dos folhetos AV promovem calcificação (7,8,9)
Na teoria da acidez na aterosclerose a tensão tangencial hemodinâmica é um importante passo no processo levando a aterogênese (10).
Carlos Monteiro
1. Johnson RC, Leopold JA and Loscalzo J. Vascular calcification: Pathological mechanisms and clinical implications. Circulation Research 2006; 99: 1044 -1059. Full free text at http://circres.ahajournals.org/content/99/10/1044.full
2. Acidez: O vínculo entre a aterosclerose e a osteoporose. 5 de janeiro de 2010 em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2010/01/acidez-o-vinculo-entre-aterosclerose-e.html
3. McCullow PA and Chinnayan KM. Annual progression of coronary calcification in trials of preventive therapies: A systematic review. Arch Intern Med 2009, 169 (22):2064-70. Full free text at http://archinte.ama-assn.org/cgi/reprint/169/22/2064
4. Blankstein R, Budoff MJ, Shaw LJ et al. Predictors of coronary heart disease events among asymptomatic persons with low low-density lipoprotein cholesterol. J Am Coll Cardiol, 2011;58:364-374
5. HSU HH and Culley NC. Effects of dietary calcium on atherosclerosis, aortic calcification, and icterus in rabbits fed a supplemental cholesterol diet. Lipids in Health and Disease 2006, 5.16. Full free text http://www.lipidworld.com/content/5/1/16
6. Toggweiler S, Urbanek N, Schoenenberger AW, Erne P. Atherosclerosis, 2010 Oct;212(2):524-7
7. Hoehn D, Sun L and Sucosky P. Role of pathologic shear stress alterations in aortic valve endothelial activation. Cardiovascular Engineering and Technology 2010, V1;N2: 165-178. Full free text at http://www.springerlink.com/content/f777qk521lr48237/
8. Ge L, Sotiropoulos F. Direction and magnitude of blood flow shear stresses on the leaflets of aortic valves: is there a link with valve calcification? J Biomech Eng 2010 Jan;132(1): 014505
9. Yap CH, Saikrishnan N, Tamilselvan G and Yoganathan AP. Experimental measurement of dynamic fluid shear stress on the aortic surface of the aortic valve of the aortic valve leaflet. Biomech Model Mechanobiol, 2011 Mar 18
10. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
domingo, 22 de maio de 2011
Estudo confirma: Leite e seus derivados previnem o infarto
Contrariamente ao que normalmente é apregoado pela medicina convencional, de que gorduras saturadas podem levar ao infarto do miocárdio, estudo publicado no início desse mês encontrou que os nutrientes do leite e de seus derivados (queijo, manteiga), na verdade neutralizam os efeitos que os pesquisadores (ainda) consideram prejudiciais. Seus achados, tomados a partir de 3.630 homens e mulheres costa-riquenhos de meia idade, de que a ingestão de produtos leiteiros naqueles que tiveram infarto, não foi diferente daqueles que não tiveram. Avaliando quanto a quantidade de alimento leiteiro que foi ingerido pelos participantes desse estudo epidemiológico entre 1994 e 2004, não houve vínculo entre o consumo e risco de infarto, mesmo entre aqueles que consumiram tanto quanto 593 gramas por dia.
O presente estudo, publicado no início do mês de maio (1), confirma os resultados de diversas outras pesquisas mostrando os benefícios do leite na sua relação com a doença cardiovascular, as quais discutimos há dois anos atrás em artigo onde também levantamos os possíveis efeitos do leite na prevenção da aterosclerose (2).
Carlos Monteiro
1. Aslibekyan S, Campos H, Baylin A. Biomarkers of Dairy intake and the risk of heart disease. Nutr Metab Cardiovasc Dis. May 4, 2011
2. Carlos Monteiro, “Leite gordo: Benéficos efeitos na redução de doença cardíaca e derrame!” em http://www.infarctcombat.org/polemica-46/icem.html
O presente estudo, publicado no início do mês de maio (1), confirma os resultados de diversas outras pesquisas mostrando os benefícios do leite na sua relação com a doença cardiovascular, as quais discutimos há dois anos atrás em artigo onde também levantamos os possíveis efeitos do leite na prevenção da aterosclerose (2).
Carlos Monteiro
1. Aslibekyan S, Campos H, Baylin A. Biomarkers of Dairy intake and the risk of heart disease. Nutr Metab Cardiovasc Dis. May 4, 2011
2. Carlos Monteiro, “Leite gordo: Benéficos efeitos na redução de doença cardíaca e derrame!” em http://www.infarctcombat.org/polemica-46/icem.html
quarta-feira, 4 de maio de 2011
A elevação do ácido láctico: o vínculo entre a artrite reumatóide e a aterosclerose?
A artrite reumatóide (AR) é considerada uma doença sistêmica inflamatória auto-imune. No entanto, o que desencadeia o início da AR continua desconhecido.
Pacientes com AR têm uma alta prevalência aterosclerótica pré-clínica, independentemente dos fatores de risco tradicionais, sugerindo que a inflamação crônica e, possivelmente, a severidade da doença são aterogênicas nessa população (1).
A respeito desse assunto um editorial publicado no Jornal Circulation em 1999 discutiu sobre as muitas similaridades partilhadas pela AR e aterosclerose (2).
Investigações recentes acharam que o processo aterosclerótico começa bastante cedo no curso da AR, com o estudo revelando um significativo aumento na espessura da intima-média, um indicador de aterosclerose, em apenas 18 meses (3).
Outro recente estudo achou um rápido aumento no risco do infarto do miocárdio na sequência do diagnóstico de AR nos pacientes diagnosticados com a doença entre 1995 a 2006 (4).
Estudando sobre a matéria nós procuramos por estudos que investigaram disfunção autônoma cardiovascular em doenças reumáticas. Embora existam poucos estudos realizados nessa direção, nós pudemos verificar que a atividade do sistema nervoso simpático pode estar elevado na AR, comparativamente com pacientes saudáveis (5, 6). De acordo com nosso ponto de vista a predominância do simpático é o fator primário na cascata de eventos que induz a elevação no ácido láctico e ambiente ácido gerando a aterogênese (7, 8).
Também descobrimos um estudo dos anos 80 mostrando altos valores de lactato em soropositivos AR e também na artrite induzida por cristais, com o autor sugerindo que a medida do lactato sinovial poderia ser um confiável indicador para diferenciação das artrites inflamatórias (9). Em paralelo, o montante de lactato liberado pelo miocárdio foi mostrado estar relacionado com a severidade da doença da artéria coronária (10, 11).
Indo mais fundo em nossa pesquisa ficamos bastante surpreso com a seguinte informação contida em um trabalho publicado em 1924 (12), intitulado “The alleged role of lactic acid in arthritis and rheumatoid conditions”, que diz:
“Richardson, em 1858, publicou os resultados de extensos experimentos em cães nos quais a injeção de largas quantidades de ácido láctico, intraperitoneal, foi seguida por um severo envolvimento das articulações. A condição das articulações foi similar aquela vista na artrite aguda, com Richardson sugerindo que a síndrome artrítica era devida a uma acumulação do ácido no organismo. Essa teoria encontrou suporte adicional em 1877, quando Foster relatou que a administração de ácido láctico pela boca em dois pacientes diabéticos resultou em articulações dolorosas e inchadas. As dores e inchaços persistiram enquanto a administração de ácido láctico foi continuada e desapareceu prontamente após o ácido ser descontinuado. Esses experimentos iniciais aparentemente nunca foram repetidos ou estendidos, mas exerceram alguma influência na formação de hipóteses quanto a esta doença”.
Este trabalho de 1924 fortalece nossos pensamentos colocados no artigo “Antigos experimentos com coelhos e cães providenciam poderosa evidência para a Teoria da Acidez na Aterosclerose ” onde foi mostrado que cães e coelhos alimentados com ácidos podem desenvolver lesões ateroscleróticas (13).
Carlos Monteiro
1. Roman M. J, et al. Preclinical carotid atherosclerosis in patients with rheumatoid arthritis. Ann Intern Med. 2006; 144: 249-256. Full free text at http://www.annals.org/content/144/4/249.full.pdf+html
2. Vincenzo Pasceri and Edward Yeh. Editorial, “A tale of two diseases - Atherosclerosis and Rheumatoid Arthritis“, Circulation, 1999; 100:2124-2126. Texto gratuito em http://circ.ahajournals.org/cgi/content/full/circulationaha;100/21/2124
3. Sodergren et al. Atherosclerosis in early rheumatoid arthritis: very early endothelial activation and rapid progression of intima media thickness. Arthritis Research & Therapy 2010, 12:R158. Full free text at http://arthritis-research.com/content/12/4/R158
4. Holmqvist M. E. et al. Rapid increase in myocardial infarction risk following diagnosis of rheumatoid arthritis amongst patients diagnosed between 1995 and 2006”, J Intern Med 2010; 268:578-585.
5. Aydemir , V. Yazisiz et al. Cardiac autonomic profile in rheumatoid arthritis and systemic lupus erythematosus. Lupus (2010) 19, 255—261.
6. Dekkers JC et al. Elevated sympathetic nervous system activity in patients with recently diagnosed rheumatoid arthritis with active disease. Clin Exp Rheumatol. 2004 Jan-Feb;22(1):63-70.
7. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
8. Predominância do sistema nervoso simpático: o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica. , Carlos Monteiro, 22 de Fevereiro de 2010 em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2010/02/predominancia-do-sistema-nervoso.html
9. Gobelet C and Gerster J. C. Synovial fluid lactate levels in septic and non-septic arthritides. Annals of the Rheumatic diseases, 1984, 43, 742-745.
10. G. Jackson, Lynne Atkinson, M. Clark, B. Crook, P. Armstrong, and S. Oram, Diagnosis of coronary artery disease by estimation of coronary sinus lactate. British Heart Journal, 1978, 40, 979-983 Full free text at http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC483520/
11 Gertz EW, Wisneski JA, Neese R, Bristow JD, Searle GL, Hanlon JT: Myocardial lactate metabolism: evidence of lactate release during net chemical extraction in man. Circulation 1981, 63: 1273-1279. Full free text at http://circ.ahajournals.org/cgi/reprint/63/6/1273
12. F . A Cajori et al. The alleged role of lactic acid in arthritis and rheumatoid conditions. Arch Intern Med. 1924;34(4):566-572.
13. Antigos experimentos com coelhos e cães providenciam poderosa evidência para a Teoria da Acidez na Aterosclerose , Carlos Monteiro, Julio 13, 2010 em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2010/07/antigos-experimentos-com-coelhos-e-caes.html
Pacientes com AR têm uma alta prevalência aterosclerótica pré-clínica, independentemente dos fatores de risco tradicionais, sugerindo que a inflamação crônica e, possivelmente, a severidade da doença são aterogênicas nessa população (1).
A respeito desse assunto um editorial publicado no Jornal Circulation em 1999 discutiu sobre as muitas similaridades partilhadas pela AR e aterosclerose (2).
Investigações recentes acharam que o processo aterosclerótico começa bastante cedo no curso da AR, com o estudo revelando um significativo aumento na espessura da intima-média, um indicador de aterosclerose, em apenas 18 meses (3).
Outro recente estudo achou um rápido aumento no risco do infarto do miocárdio na sequência do diagnóstico de AR nos pacientes diagnosticados com a doença entre 1995 a 2006 (4).
Estudando sobre a matéria nós procuramos por estudos que investigaram disfunção autônoma cardiovascular em doenças reumáticas. Embora existam poucos estudos realizados nessa direção, nós pudemos verificar que a atividade do sistema nervoso simpático pode estar elevado na AR, comparativamente com pacientes saudáveis (5, 6). De acordo com nosso ponto de vista a predominância do simpático é o fator primário na cascata de eventos que induz a elevação no ácido láctico e ambiente ácido gerando a aterogênese (7, 8).
Também descobrimos um estudo dos anos 80 mostrando altos valores de lactato em soropositivos AR e também na artrite induzida por cristais, com o autor sugerindo que a medida do lactato sinovial poderia ser um confiável indicador para diferenciação das artrites inflamatórias (9). Em paralelo, o montante de lactato liberado pelo miocárdio foi mostrado estar relacionado com a severidade da doença da artéria coronária (10, 11).
Indo mais fundo em nossa pesquisa ficamos bastante surpreso com a seguinte informação contida em um trabalho publicado em 1924 (12), intitulado “The alleged role of lactic acid in arthritis and rheumatoid conditions”, que diz:
“Richardson, em 1858, publicou os resultados de extensos experimentos em cães nos quais a injeção de largas quantidades de ácido láctico, intraperitoneal, foi seguida por um severo envolvimento das articulações. A condição das articulações foi similar aquela vista na artrite aguda, com Richardson sugerindo que a síndrome artrítica era devida a uma acumulação do ácido no organismo. Essa teoria encontrou suporte adicional em 1877, quando Foster relatou que a administração de ácido láctico pela boca em dois pacientes diabéticos resultou em articulações dolorosas e inchadas. As dores e inchaços persistiram enquanto a administração de ácido láctico foi continuada e desapareceu prontamente após o ácido ser descontinuado. Esses experimentos iniciais aparentemente nunca foram repetidos ou estendidos, mas exerceram alguma influência na formação de hipóteses quanto a esta doença”.
Este trabalho de 1924 fortalece nossos pensamentos colocados no artigo “Antigos experimentos com coelhos e cães providenciam poderosa evidência para a Teoria da Acidez na Aterosclerose ” onde foi mostrado que cães e coelhos alimentados com ácidos podem desenvolver lesões ateroscleróticas (13).
Carlos Monteiro
1. Roman M. J, et al. Preclinical carotid atherosclerosis in patients with rheumatoid arthritis. Ann Intern Med. 2006; 144: 249-256. Full free text at http://www.annals.org/content/144/4/249.full.pdf+html
2. Vincenzo Pasceri and Edward Yeh. Editorial, “A tale of two diseases - Atherosclerosis and Rheumatoid Arthritis“, Circulation, 1999; 100:2124-2126. Texto gratuito em http://circ.ahajournals.org/cgi/content/full/circulationaha;100/21/2124
3. Sodergren et al. Atherosclerosis in early rheumatoid arthritis: very early endothelial activation and rapid progression of intima media thickness. Arthritis Research & Therapy 2010, 12:R158. Full free text at http://arthritis-research.com/content/12/4/R158
4. Holmqvist M. E. et al. Rapid increase in myocardial infarction risk following diagnosis of rheumatoid arthritis amongst patients diagnosed between 1995 and 2006”, J Intern Med 2010; 268:578-585.
5. Aydemir , V. Yazisiz et al. Cardiac autonomic profile in rheumatoid arthritis and systemic lupus erythematosus. Lupus (2010) 19, 255—261.
6. Dekkers JC et al. Elevated sympathetic nervous system activity in patients with recently diagnosed rheumatoid arthritis with active disease. Clin Exp Rheumatol. 2004 Jan-Feb;22(1):63-70.
7. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
8. Predominância do sistema nervoso simpático: o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica. , Carlos Monteiro, 22 de Fevereiro de 2010 em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2010/02/predominancia-do-sistema-nervoso.html
9. Gobelet C and Gerster J. C. Synovial fluid lactate levels in septic and non-septic arthritides. Annals of the Rheumatic diseases, 1984, 43, 742-745.
10. G. Jackson, Lynne Atkinson, M. Clark, B. Crook, P. Armstrong, and S. Oram, Diagnosis of coronary artery disease by estimation of coronary sinus lactate. British Heart Journal, 1978, 40, 979-983 Full free text at http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC483520/
11 Gertz EW, Wisneski JA, Neese R, Bristow JD, Searle GL, Hanlon JT: Myocardial lactate metabolism: evidence of lactate release during net chemical extraction in man. Circulation 1981, 63: 1273-1279. Full free text at http://circ.ahajournals.org/cgi/reprint/63/6/1273
12. F . A Cajori et al. The alleged role of lactic acid in arthritis and rheumatoid conditions. Arch Intern Med. 1924;34(4):566-572.
13. Antigos experimentos com coelhos e cães providenciam poderosa evidência para a Teoria da Acidez na Aterosclerose , Carlos Monteiro, Julio 13, 2010 em http://teoriadaacidez.blogspot.com/2010/07/antigos-experimentos-com-coelhos-e-caes.html
quarta-feira, 9 de março de 2011
O potencial efeito positivo da melhoria na atividade barorreflexa na prevenção e tratamento da aterosclerose
A função barorreflexa ou reflexo barorreceptor é um dos mecanismos homeostáticos do organismo para regular a pressão sangüínea através do controle da frequência cardíaca, força das contrações do coração e diâmetro dos vasos sanguíneos. Os mais importantes barorreceptores arteriais estão localizados no seio da carótida e no arco aórtico. Esses barorreceptores respondem ao estiramento da parede arterial de forma que se a pressão arterial subitamente aumentar, as paredes desses vasos expandem passivamente, estimulando a ativação desses receptores. No caso da pressão sanguinea arterial cair subitamente, o estiramento diminuído das paredes arteriais leva a uma redução na ativação do receptor. A perda da influência estabilizadora do controle vagal aumenta a susceptibilidade de influências simpáticas. De outro lado o resultado da melhoria barorreflexa é a inibição do sistema nervoso simpático e ativação do sistema nervoso parassimpático.
É interessante notar o dano ou redução da sensitividade barorreflexa em frente de alguns fatores chave para a aterosclerose, doença cardiovascular e acidente vascular cerebral, como por exemplo, o envelhecimento, a ingestão de açucares, em especial nas dietas com alto conteúdo de frutose, e o fumo.
Relacionados à aterosclerose existem alguns estudos mostrando que na ateromatose bilateral da carótida (1) e em uma maior espessura da intima-media da carótida (2), a sensitividade barorreflexa é reduzida ou danificada.
Nessa direção um estudo publicado em 2005 indicou que a disfunção barorreflexa arterial promove o desenvolvimento da aterosclerose em ratos, e que a inflamação pode estar envolvida no processo (3). Os mesmos autores demonstraram em uma mais recente publicação de que baixas doses de ketanserina, um anti-hipertensivo, preveniu o desenvolvimento da aterosclerose em ratos e coelhos espontaneamente hipertensivos, pelo menos em parte, através da intensificação da sensitividade barorreflexa arterial (4). Outras drogas anti-hipertensivas como betabloqueadores podem intensificar a sensitividade barorreflexa (5) com efeitos positivos na aterosclerose (6). Os glicosídeos cardíacos, que representam outra classe de remédios, também aumentam o controle barorreflexo cardiopulmonar da atividade simpática (7), o qual é provavelmente responsável pelos potenciais efeitos da digital na aterosclerose (6,8,9).
Ao lado das drogas mencionadas acima existem alguns estudos recentes sugerindo que ácidos graxos poliinsaturados - ômega-3 (19), cacau (10), vitaminas como, por exemplo, vitamina C (11,12), vitamina E (13) e ácido fólico (14,15), a parte de exercícios aeróbicos (16,17) e da respiração lenta (18), melhoram a sensibilidade barorreflexa com possíveis efeitos positivos no tratamento e prevenção da aterosclerose, de acordo com o ponto de vista da teoria da acidez (6), onde a predominância simpática é o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica.
Carlos Monteiro
1. Nasr N et al. Baroreflex sensitivity is impaired in bilateral carotid atherosclerosis. Stroke, 2005;36:1891-1895
2. Gianoros PJ et al. Greater intima-media thickness in the carotid bulb is associated with reduced baroreflex sensitivity. Am J Hypertens. 2002; 15(6): 486-491
3. Cai GJ et al. Arterial baroreflex dysfunction promotes atherosclerosis in rats. Atherosclerosis, 2005 Nov; 183(1):41-7
4. Yu YS et al. Effects of low-dose ketanserin on atherosclerosis in rats and rabbits. Can J Pysiol Pharmacol 2010 Nov;88(11):1054-60
5. Truijen J et al. Baroreflex sensitivity is higher during acute psychological stress in healthy subjects under B-adrenergic blockade. Clin Sci (Lond), Feb 2011; 120(4):161-167
6. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
7. Schobel HP et al. 1991.Contrasting effects of digitalis and dobutamine on baroreflex sympathetic control in normal humans, Circulation V84, 1118-1129. Texto gratuito em http://circ.ahajournals.org/cgi/reprint/84/3/1118
8. Jagielska J. et al. Digitoxin elicits anti-inflammatory and vasoprotective properties in endothelial cells: Therapeutic implications for the treatment of atherosclerosis?, doi:10.1016/j.atherosclerosis.2009.03.019
9. Kolkhof P et al. Cardiac glycosides potently inhibit C-reactive protein synthesis in human hepatocytes. Biochem Biophys Res Commun. 2010 Mar 26;394(1):233-9. Epub 2010 Mar 3.
10. Akita M et al., Effects of cacao liquor polyphenols on cardiovascular and autonomic nervous functions in hypercholesterolaemic rabbits. Basic Clin Pharmacol Toxicol. 2008 Dec;103(6):581-7.
11. Kevin D. Monahan et al, Ascorbic acid increases cardiovagal baroreflex sensitivity in healthy older men. Am J Physiol Heart Circ Physiol 286: H2113–H2117, 2004.
12. Gianfranco Piccirillo et al., Influence of Vitamin C on Baroreflex Sensitivity in
Chronic Heart Failure. Hypertension. 2003; 41:1240-1245.
13. Peter Studinger et al., Effect of vitamin E on carotid artery elasticity and baroreflex gain in young, health adults. Autonomic Neuroscience, V 113, I1, Pages 63-70; 2004
14. Béchir M et al., Folic Acid Improves Baroreceptor Sensitivity in Hypertension. J Cardiovasc Pharmacol;45:44–48), 2005
15. Xiu-juan MA et al, Clonidine, moxonidine, folic acid, and mecobalamin improve baroreflex function in stroke-prone, spontaneously hypertensive rats. Acta Pharmacol Sin 2007 Oct; 28 (10): 1550–1558
16. Deley G et al., Arterial baroreflex control of cardiac vagal outflow in older individuals can be enhanced by aerobic exercise training. Hypertension, 2009;53:826-832
17. Effects of long-term exercise training on cardiac baroreflex sensitivity in patients with coronary artery disease: a randomized controlled trial. Clin Rehabil. 2011 Mar;25(3):217-27
18. Carlos Monteiro, Slow breathing increases baroreflex sensitivity and reduces sympathetic activity with benefic effects to cardiovascular disease, August 9, 2010 em http://www.teoriadaacidez.blogspot.com
19. Radaelli A, Cazzaniga M, Viola A, et al. Enhanced baroreceptor control of the cardiovascular system by polyunsaturated fatty acids in heart failure patients J Am Coll Cardiol 2006;48:1600-1606. Texto gratuito em http://content.onlinejacc.org/cgi/reprint/48/8/1600.pdf
É interessante notar o dano ou redução da sensitividade barorreflexa em frente de alguns fatores chave para a aterosclerose, doença cardiovascular e acidente vascular cerebral, como por exemplo, o envelhecimento, a ingestão de açucares, em especial nas dietas com alto conteúdo de frutose, e o fumo.
Relacionados à aterosclerose existem alguns estudos mostrando que na ateromatose bilateral da carótida (1) e em uma maior espessura da intima-media da carótida (2), a sensitividade barorreflexa é reduzida ou danificada.
Nessa direção um estudo publicado em 2005 indicou que a disfunção barorreflexa arterial promove o desenvolvimento da aterosclerose em ratos, e que a inflamação pode estar envolvida no processo (3). Os mesmos autores demonstraram em uma mais recente publicação de que baixas doses de ketanserina, um anti-hipertensivo, preveniu o desenvolvimento da aterosclerose em ratos e coelhos espontaneamente hipertensivos, pelo menos em parte, através da intensificação da sensitividade barorreflexa arterial (4). Outras drogas anti-hipertensivas como betabloqueadores podem intensificar a sensitividade barorreflexa (5) com efeitos positivos na aterosclerose (6). Os glicosídeos cardíacos, que representam outra classe de remédios, também aumentam o controle barorreflexo cardiopulmonar da atividade simpática (7), o qual é provavelmente responsável pelos potenciais efeitos da digital na aterosclerose (6,8,9).
Ao lado das drogas mencionadas acima existem alguns estudos recentes sugerindo que ácidos graxos poliinsaturados - ômega-3 (19), cacau (10), vitaminas como, por exemplo, vitamina C (11,12), vitamina E (13) e ácido fólico (14,15), a parte de exercícios aeróbicos (16,17) e da respiração lenta (18), melhoram a sensibilidade barorreflexa com possíveis efeitos positivos no tratamento e prevenção da aterosclerose, de acordo com o ponto de vista da teoria da acidez (6), onde a predominância simpática é o fator primário na cascata de eventos levando a espiral aterogênica.
Carlos Monteiro
1. Nasr N et al. Baroreflex sensitivity is impaired in bilateral carotid atherosclerosis. Stroke, 2005;36:1891-1895
2. Gianoros PJ et al. Greater intima-media thickness in the carotid bulb is associated with reduced baroreflex sensitivity. Am J Hypertens. 2002; 15(6): 486-491
3. Cai GJ et al. Arterial baroreflex dysfunction promotes atherosclerosis in rats. Atherosclerosis, 2005 Nov; 183(1):41-7
4. Yu YS et al. Effects of low-dose ketanserin on atherosclerosis in rats and rabbits. Can J Pysiol Pharmacol 2010 Nov;88(11):1054-60
5. Truijen J et al. Baroreflex sensitivity is higher during acute psychological stress in healthy subjects under B-adrenergic blockade. Clin Sci (Lond), Feb 2011; 120(4):161-167
6. Carlos ETB Monteiro, “Ambiente ácido evocado por estresse crônico: Um novo mecanismo para explicar aterogênese.”, disponível no Infarct Combat Project, Janeiro 28, 2008 em http://www.infarctcombat.org/AcidityTheory-p.pdf (versão em português)
7. Schobel HP et al. 1991.Contrasting effects of digitalis and dobutamine on baroreflex sympathetic control in normal humans, Circulation V84, 1118-1129. Texto gratuito em http://circ.ahajournals.org/cgi/reprint/84/3/1118
8. Jagielska J. et al. Digitoxin elicits anti-inflammatory and vasoprotective properties in endothelial cells: Therapeutic implications for the treatment of atherosclerosis?, doi:10.1016/j.atherosclerosis.2009.03.019
9. Kolkhof P et al. Cardiac glycosides potently inhibit C-reactive protein synthesis in human hepatocytes. Biochem Biophys Res Commun. 2010 Mar 26;394(1):233-9. Epub 2010 Mar 3.
10. Akita M et al., Effects of cacao liquor polyphenols on cardiovascular and autonomic nervous functions in hypercholesterolaemic rabbits. Basic Clin Pharmacol Toxicol. 2008 Dec;103(6):581-7.
11. Kevin D. Monahan et al, Ascorbic acid increases cardiovagal baroreflex sensitivity in healthy older men. Am J Physiol Heart Circ Physiol 286: H2113–H2117, 2004.
12. Gianfranco Piccirillo et al., Influence of Vitamin C on Baroreflex Sensitivity in
Chronic Heart Failure. Hypertension. 2003; 41:1240-1245.
13. Peter Studinger et al., Effect of vitamin E on carotid artery elasticity and baroreflex gain in young, health adults. Autonomic Neuroscience, V 113, I1, Pages 63-70; 2004
14. Béchir M et al., Folic Acid Improves Baroreceptor Sensitivity in Hypertension. J Cardiovasc Pharmacol;45:44–48), 2005
15. Xiu-juan MA et al, Clonidine, moxonidine, folic acid, and mecobalamin improve baroreflex function in stroke-prone, spontaneously hypertensive rats. Acta Pharmacol Sin 2007 Oct; 28 (10): 1550–1558
16. Deley G et al., Arterial baroreflex control of cardiac vagal outflow in older individuals can be enhanced by aerobic exercise training. Hypertension, 2009;53:826-832
17. Effects of long-term exercise training on cardiac baroreflex sensitivity in patients with coronary artery disease: a randomized controlled trial. Clin Rehabil. 2011 Mar;25(3):217-27
18. Carlos Monteiro, Slow breathing increases baroreflex sensitivity and reduces sympathetic activity with benefic effects to cardiovascular disease, August 9, 2010 em http://www.teoriadaacidez.blogspot.com
19. Radaelli A, Cazzaniga M, Viola A, et al. Enhanced baroreceptor control of the cardiovascular system by polyunsaturated fatty acids in heart failure patients J Am Coll Cardiol 2006;48:1600-1606. Texto gratuito em http://content.onlinejacc.org/cgi/reprint/48/8/1600.pdf
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